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O Menino que Desenhava Monstros de Keith Donohue

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“A prosa de Keith é vibrante, pungente, delicada e até melódica.”
— PETER STRAUB —

“Uma história de horror clássica e hipnótica... O Menino que Desenhava Monstros, vai muito além, mistura realidade e ficção com uma narrativa própria que nos ajuda a enxergar o que está fora do nosso campo de visão.”
— TIME OUT (NEW YORK) —

“Prepare-se para dormir de olhos bem abertos.”
— WASHINGTON INDEPENDENT REVIEW OF BOOKS —

“Uma narrativa rápida e assustadora.”
— PUBLISHERS WEEKLY —

Sinopse:
   Na superfície, O Menino que Desenhava Monstros é uma história sobre pais fazendo o melhor para criar um filho com certo grau de autismo, mas é também uma história sobre fantasmas, monstros, mistérios e um passado ainda mais assustador. O romance de Keith Donohue é um thriller psicológico que mistura fantasia e realidade para surpreender o leitor do início ao fim ao evocar o clima das histórias de terror japonesas.

Opinião:
   Quem nunca acordou no meio da noite perturbado por um pesadelo, com um grito de horror entalado na garganta e a vívida impressão de não estar sozinho na escuridão do quarto? Se para um adulto essa sensação já é assustadora,  a imaginação de uma criança amplifica esse pavor a níveis claustrofóbicos...  E uma das especialidades dos autores de terror é traduzir essa emoção para as páginas. Não é a toa que alguns dos maiores clássicos modernos do gênero envolvem crianças como protagonistas, vide como exemplos O Iluminado de Stephen King, O Exorcista de William Peter Blatty e A Profecia de David Seltzer. Um bom livro de terror é aquele que consegue  arrancar seu leitor de sua zona de conforto  e transportá-lo para um estado infantil de apreensão, no qual cada som desconhecido ganha notas fantasmagóricas e cada sombra na escuridão é o contorno de um monstro.
    O Menino que Desenhava Monstros consegue atingir o cerne desses sentimentos em seus leitores, o mesmo local de onde surgem o medo de dormir com a luz apagada e aquele sentido exclusivamente infantil que detecta a existência de monstros embaixo da cama.  É uma verdadeira viagem nostálgica a fonte dos medos da nossa infância, que neste caso é mais angustiante porque as criaturas não são tão imaginárias assim. Keith Donohue é formado em Inglês, com uma pós graduação em Literatura Irlandesa, e utiliza essa experiência para dar vida a suas histórias, um exemplo é  A Criança Roubada, livro no qual se baseia na mitologia celta para tecer uma história de horror sobre o Doppelganger. Com essa obra não é diferente, como plano de fundo para o sobrenatural busca auxílio em lendas japonesas de fantasmas, que servem como um ótimo contraponto ao fantástico na trama.
   O livro conta a estória de Peter Jack Keenan, um menino de dez anos portador da síndrome de Asperger, uma espécie de autismo que dificulta a comunicação e a socialização, que tem sua condição agravada após sofrer um terrível acidente que o deixou à beira da morte. Como sequela psicológica desse evento ele desenvolveu uma grande fobia por lugares abertos, um pavor tão forte que se nega a sair de dentro de casa. Seus dias de reclusão se alteram entre as aulas com o pai e as visitas de seu único amigo, Nick, é nesses momentos que sua personalidade e imaginação desabrocham, nas diversas brincadeiras que inventam. A cada semana, Peter Jack desenvolve uma obsessão por um tipo de tarefa diferente, no passado os quadrinhos e as guerras de soldadinhos  eram legais, mas a moda agora são os desenhos de monstros. Uma arte que ele domina bem.
   Os problemas da família Keenan se intensificam após o garoto passar a agir mais estranho do que de costume, suas reclamações de monstros ao redor da casa são o centro de suas queixas, assim como  pesadelos que o fazem acordar aos gritos à noite, seu estado torna-se tão frágil que basta um simples susto para que fique extremamente agressivo. Seus pais acreditam que tudo não passa de fruto da sua imaginação, mas a semente da dúvida é plantada quando começam a vivenciar acontecimentos sem explicação, barulhos repetitivos em cômodos vazios da casa e visões de criaturas estranhas os perseguem no dia-a-dia. A maneira como esse clima sombrio se desenvolve na narrativa em  em alguns momentos lembra muito o filme O Sexto Sentido, na questão da criança atormentada por suas visões em confronto com a descrença de seus pais. 
   O Menino que Desenhava Monstros é uma narrativa singela sobre os medos da infância.  Keith Donohue vai em contramão  à moda atual dos livros comerciais, cuja trama é feita para ser devorada em uma só noite, e conta uma história assustadora em seu próprio ritmo, utilizando cada segundo necessário para moldá-la em seus pequenos detalhes. O grande trunfo do livro está no seu final brutalmente esmagador, que só é tão surpreendente assim graças ao desenvolvimento de pequenas cenas dentro da trama, que à primeira vista parecem desconexas, mas são um soco no estômago no fim. A sensação é: como eu não consegui ver isso antes! Sem sombra de dúvidas O Menino que Desenhava Monstros tem um dos finais mais surpreendentes que já li e isso o coloca como o melhor lançamento do gênero neste primeiro semestre! 

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)


Lista dos Vencedores do Bram Stoker Awards 2016!

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   A apresentação do Bram Stoker Awards deste ano aconteceu durante a primeira StokerCon em Las Vegas, Nevada, na noite de sábado, 14 maio. Nomeada em homenagem ao autor do clássico Drácula, a premiação ocorre anualmente e premia os maiores destaque do gênero do ano anterior a sua realização, onze categorias, desde melhor livro e melhor primeiro livro até poesia, roteiros e não-ficção. Entre os nomes que já receberam o prêmio estão Stephen King, JK Rowling, George RR Martin, Joyce Carol Oates e Neil Gaiman. 

                     Confira aqui a Lista dos Indicados de 2016

Superior Achievement in a Novel (Romance)
   Na categoria melhor romance o grande vencedor foi A Head Full of Ghosts de Paul Tremblay, que desbancou o favorito Evangelho de Sangue de Clive Barker. Desde sua publicação este livro se tornou uma sensação entre os leitores de horror e está sendo aclamado como a obra que reinventou as histórias sobre exorcismos para o século XXI. Tanto que sua importância está sendo comparada ao que Richard Matheson fez na década de 50 para as histórias de vampiros com Eu sou a Lenda. A Head Full of Ghosts é narrado do ponto de vista de uma criança de oito anos, que vê sua irmã mais velha padecer de uma doença que seus pais chamam de esquizofrenia. O interessante é que a criança não entende direito o que está acontecendo, sua criação fora de uma religião faz com que as visitas de sacerdotes da Igreja Católica sejam um mistério. Para completar o cenário uma equipe de reality shows está gravando a batalha que ocorre dentro daquela casa. Tenho esperanças de que alguma editora nacional note essa obra.

Superior Achievement in a Young Adult Novel (Juvenil)
  Confesso que a escolha de Devil’s Pocket de John Dixon me surpreendeu, estava apostando minhas cartas em outra obra. Devil’s Pocket é a continuação de Fênix: A Ilha, publicação da Novo Conceito em 2014 que recebeu oito caveiras aqui no blog, e segundo os comentários é superior em relação ao seu anterior, tanto pela complexidade da trama como pela evolução dos personagens. Certamente a Novo Conceito  deve publicar essa continuação.

Superior Achievement in a First Novel (Primeiro Romance) 

Superior Achievement in a Graphic Novel 
  Superando os recentes sucessos da Image, Oucast e Wytches, a coleção Shadow Show, que homenageia a obra de Ray Bradbury ganhou a categoria de melhor Graphic Novel. Entre os escritores das histórias em quadrinhos estão Neil Gaiman, Joe Hill e Harlan Ellison.

Superior Achievement in Long Fiction (Novela)
   Little Dead Red de Mercedes M. Yardley presente no livro Grimm Mistresses.


Superior Achievement in Short Fiction
  Happy Joe’s Rest Stop de John Palisano presente no livro 18 Wheels of Horror.

Superior Achievement in a Screenplay (Roteiro)

Superior Achievement in an Anthology
Superior Achievement in a Fiction Collection

Superior Achievement in Non-Fiction

Superior Achievement in a Poetry Collection


Notícias: O Último Turno dos Demonologistas

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Nesta semana: revelada a data de lançamento de Último Turno, a conclusão da trilogia policial de Stephen King; nova edição do clássico Noite Diabólica de Rubens F. Lucchetti e o lançamento de Ed & Lorraine Warren: Demonologistas!


Último Turno de Stephen King
   Achados e Perdidos nem chegou direito às livrarias nacionais e Último Turno, a conclusão da trilogia policial de Stephen King já entrou em pré-venda na Livraria da Travessa. A expectativa é que o livro seja publicado no início de Outubro. Lembrando que Último Turno foi lançado no início de junho nos Estados Unidos. A edição nacional terá 384 páginas.

Sinopse:
  Brady Hartsfield, o diabólico Assassino do Mercedes, está há cinco anos em estado vegetativo em uma clínica de traumatismo cerebral. Segundo os médicos, qualquer coisa perto de uma recuperação completa é improvável. Mas sob o olhar fixo e a imobilidade, Brady está acordado, e possui agora poderes capazes de criar o caos sem que sequer precise deixar a cama de hospital. O detetive aposentado Bill Hodges agora trabalha em uma agência de investigação com Holly Gibney, a mulher que desferiu o golpe em Brady. Quando os dois são chamados a uma cena de suicídio que tem ligação com o Massacre do Mercedes, logo se veem envolvidos no que pode ser seu caso mais perigoso até então. Brady está de volta e, desta vez, não planeja se vingar apenas de seus inimigos, mas atingir toda uma cidade. 
  Em Último Turno, Stephen King leva a trilogia a uma conclusão sublime e aterrorizante, combinando a narrativa policial de Mr. Mercedes e Achados e perdidos com o suspense sobrenatural que é sua marca registrada.


Noite Diabólica de Rubens Francisco Lucchetti
   O clássico Noite Diabólica de Rubens Francisco Lucchetti, coletânia que é considerada a primeira obra de terror nacional, ganhará uma nova edição através da Argonautas Editora. Publicado originalmente em 1963, na coleção de livros de bolso Série Terror, o livro estava há anos fora de circulação. A nova edição trará, além de um texto completamente revisado, na íntegra todas as ilustrações de Jayme Cortez. [Leia a resenha da edição clássica aqui]


As Sete Vampiras de Rubens Francisco Lucchetti
  Ainda sobre lançamentos de Rubens Francisco Lucchetti deve sair ainda esse mês o inédito As Sete Vampiras, através da Editora Laços.


Ed & Lorraine Warren: Demonologistas
  Na última edição da seção de notícias falei sobre a possível publicação da biografia do casal Warren pela Darkside Books e não é que eles confirmaram! A edição nacional sai em outubro e conterá aproximadamente 320 páginas. O interessante é que a capa traz a inscrição: Arquivos Sobrenaturais, o que pode indicar que teremos mais livros dessa temática nos próximos anos.


“Minha pesquisa foi totalmente baseada em Ed & Lorraine Warren: Demonologistas.”
— VERA FARMIGA —

“É o livro mais assustador que já li.”
— JAMES WAN, DIRETOR DE INVOCAÇÃO DO MAL 2 —

Release da Darkside Books:
   Eles enfrentaram os mistérios mais sinistros dos últimos sessenta anos, sempre em busca da verdade. Agora é a sua vez de entrar em contato com o sobrenatural. Você tem coragem? Então leia Ed & Lorraine Warren: Demonologistas, a biografia definitiva dos mais famosos investigadores paranormais do nosso plano astral. Não é de hoje que os fãs do terror conhecem Ed Warren e sua esposa, Lorraine. O casal foi retratado em filmes de grande sucesso, como Invocação do Mal, Annabelle e Horror em Amityville. Mas basta folhear as páginas de Ed & Lorraine Warren: Demonologistas para constatar que, muitas vezes, a vida pode ser bem mais assustadora que o cinema. Principalmente para aqueles que não têm a pretensão de negar fenômenos que nem mesmo a ciência é capaz de explicar.
   Em Ed & Lorraine Warren: Demonologistas, Gerald Brittle desvenda alguns dos principais casos reais vividos pelos Warren. Ed e Lorraine permitiram ao autor acesso exclusivo aos seus arquivos sobrenaturais, que incluem relatos extraordinários de poltergeists, casas mal-assombradas e possessões demoníacas. O resultado é um livro rico em detalhes como nenhum outro. Lançado originalmente em 1980, e até então inédito no Brasil, Ed & Lorraine Warren: Demonologistas é, sem dúvida, o mais completo dossiê sobre os exorcistas/caçadores de fantasmas mais famosos do mundo. Virou o livro de cabeceira do diretor James Wan (Jogos Mortais, Invocação do Mal 1 e 2, Annabelle), além de servir de fonte de inspiração para Vera Farmiga, que interpreta a sra. Warren no cinema.
   Nas páginas do livro, o leitor acaba se tornando um pouco mais íntimo de Lorraine Rita e Edward Warren Miney. Duas almas gêmeas que se completavam ao dividir, entre tantas coisas, a mesma vocação: oferecer ajuda espiritual aos possuídos e atormentados. Desde 2006, Ed Warren não se encontra mais neste plano físico. Contudo, é fácil imaginar que Lorraine permaneça conectada a ele até os dias de hoje. Talvez até através de sua mediunidade, mas certamente pela paixão de uma vida inteira juntos. Como responsável em manter o legado que ela e Ed construíram, Lorraine não poderia estar mais satisfeita com o lançamento de Ed & Lorraine Warren: Demonologistas no Brasil. Só mesmo a DarkSide® Books para entregar uma edição à altura dos maiores investigadores paranormais de todos os tempos aos seus leitores possuídos, que chega para comemorar o aniversário da editora, em outubro.


Notícias: Confissões do Crematório e Drácula vs Hitler

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   Nesta semana: Drácula encontra Hitler em novo livro, o lançamento de julho da Darkside Books: Confissões do Crematório, o terceiro volume da série O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares e nova obra que explora o universo de Guillermo Del Toro.


Confissões do Crematório de Caitlin Doughty 
  Mais um lançamento de não-ficção no catálogo da Darkside Books, desta vez é um livro que aborda a morte de uma forma cômica e macabra, como dizem os comentários, um livro imprescindível para quem planeja morrer um dia... O lançamento é esperado para Julho. 

Sinopse:
   É a única certeza da vida. Então, por que evitamos tanto falar sobre ela? A morte é inevitável, sentimos muito. Mas pelo menos, como descobriu Caitlin Doughty, ficar a sete palmos do chão ainda é uma opção. Ainda jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e preparando corpos para a incineração. A exposição constante à morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o assunto. Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia a dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos históricos, mitológicos e filosóficos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores.
   O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira honesta, inteligente e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma benção, é apenas uma forma profunda de terror”. O título é a primeira obra de não ficção a integrar a coleção DarkLove, a linha especial da DarkSide® Books para corações valentes. Sua escrita divertida e realista será muito bem representada na edição em capa dura que chegará às mãos dos leitores brasileiros em julho de 2016.

Fonte: Darkside Books

Drácula vs Hitler
   E que aconteceria se Drácula retornasse para enfrentar a invasão nazista na Europa? Patrick Sheane Duncan promete responder essa pergunta com seu novo livro: Drácula vs Hitler, cujo lançamento é aguardado para outubro. O interessante é que a obra é narrada do mesmo modo que o clássico de Bram Stoker, por meio de cartas, diários e recortes de jornais o leitor é transportado diretamente para a mente de Van Helsing, Adolf Hitler e o próprio Drácula. 

Sinopse:
   Devastada pelo serviço secreto nazista durante a Segunda Guerra Mundial, a resistência romena recorre a um dos seus líderes, o Professor Van Helsing, em busca de ajuda. Para combater essa força monstruosa, Van Helsing, acorda um monstro lendário de sua hibernação secular... o próprio príncipe Drácula. Há muito tempo atrás ele era o governante da Transilvânia, o Príncipe Vlad Dracul é acima de tudo um patriota. Mais uma vez ele está disposto a enfrentar os invasores de seus país, isso é claro, se ninguém se importar de que ele beba todo o sangue alemão que encontrar pelo caminho. Em Berlim, quando Hitler ouve sobre as derrotas que suas forças estão sofrendo nas mãos de um vampiro, ele é seduzido pela possibilidade de se tornar imortal...


Biblioteca de Almas de Ransom Riggs
   A Editora Intrínseca anunciou o lançamento de Biblioteca de Almas, o terceiro volume da série O Orfanato da srta. Peregrine para crianças peculiares, para agosto e além disso uma coletânea de contos chamada Contos peculiares para o mês seguinte. Lembrando que no início do ano foi lançado o segundo volume, Cidade dos Etéreos. Parece que o nome da série na capa foi alterado de "orfanato" para "lar" por causa do filme de Tim Burton.

Sinopse:
   No terceiro volume, Jacob descobrirá uma poderosa habilidade e a usará para resgatar os amigos peculiares e as ymbrynes das mãos dos acólitos. Emma, uma menina capaz de produzir fogo com as próprias mãos, e Addison, um cão especial com super faro para encontrar crianças perdidas, serão suas companhias nesta perigosa jornada. Na Londres dos dias atuais, eles percorrerão as ruelas labirínticas do chamado Recanto do Demônio, uma complexa fenda temporal que abriga todo tipo de vícios, perversões e sabe-se lá mais o que . É ali que o destino de peculiares de toda parte será decidido de uma vez por todas.


Guillermo del Toro: At Home with Monsters
   Guillermo del Toro está se preparando para lançar uma exposição que trará detalhes íntimos de seu processo criativo, seus filmes e sua coleção particular de "criaturas", para acompanhar a exposição também está sendo lançado um livro, Guillermo del Toro: At Home with Monsters. 



Dicas para você não se Decepcionar com Livros de Terror

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   Não existe nenhum tipo de leitor mais crítico do que o leitor de terror, não há um meio termo no gênero, ou o livro é bom ou ele é ruim e até mesmo os clássicos são temas de grande discussão. Diferente de alguns gêneros, não existe uma fórmula de "sucesso" em livros de terror, afinal você só consegue assustar o leitor com um determinado tipo de cena uma vez, do mesmo modo que um mistério perde seu suspense depois de resolvido, o medo só vem no primeiro contato e o resto é clichê. Quem nunca foi ler aquele livro super elogiado por todos, garantia quase certa de sustos e arrepios, mas na hora H se decepcionou? Ou tem sangue demais, ou tem sangue de menos. O final é inconclusivo. Ou a narrativa é chata e os personagens não são carismáticos... Como sempre digo o medo é algo extremamente pessoal, nem sempre o que te assusta funciona comigo e vice-e-versa, mas como evitar a tão temida "broxada" literária? Minha experiência como leitor me deu algumas ferramentas para lidar com essas decepções e agora compartilho isso com vocês:


1. Preste Atenção ao Contexto da Época
   Uma dos pontos que considero mais importante nas minhas resenhas é falar sobre o contexto sob o qual aquela obra foi escrita e publicada, a literatura mais do que simples entretenimento é uma válvula de escape que permite ao autor fazer críticas à sociedade através do ficcional, dependendo da censura isso se traduz de forma velada ou explícita.  Por isso é muito importante conhecer o contexto social da época em que o livro foi escrito para compreender as reais intenções de seu escritor, algo que poucos leitores se preocupam em fazer e que acarreta, por exemplo, em uma leitura equivocada de um clássico e o consequente desgosto. Ler é mais do que juntar sílabas para formar sequências de palavras,  é interpretar  textos, mais do que absorver o que está escrito, é absorver o que o autor não escreveu e está subentendido nas entrelinhas,  esperando por aqueles que sabem do que ele está falando.
 Vou citar dois exemplos, o primeiro é o clássico Os Invasores de Corpos de Jack Finney, escrito na década de 50, é um livro que em sua primeira camada é uma estória sobre sementes alienígenas cujo poder reside na capacidade de clonar o corpo de suas vítimas com perfeição, para então concluir a invasão assumindo seu lugar na sociedade sem que ninguém consiga notar a mínima diferença. Uma premissa tão famosa que hoje em dia é o clichê mais básico das histórias do gênero e talvez por isso o leitor do século XXI  não ache sua leitura tão especial. mas vamos voltar à época em que o livro foi escrito, os fantásticos anos cinquenta, quando o mundo estava dividido entre o capitalismo americano e socialismo soviético, época esta em que os Estados Unidos conduziam uma verdadeira caça às bruxas ao simpatizantes do comunismo.    
  Jack Finney conseguiu traduzir a paranoia dessa época com perfeição em seu livro, as pessoas sentiam medo pela simples questão de que de uma hora para outra seu vizinho de anos tornou-se um desconhecido, sabe-se lá se poderia ser um espião comunista ou algo do tipo. A invasão alienígena serviu como metáfora para a invasão da histeria de um ataque de ideias comunistas à nação, as pessoas "infectadas" não sofreriam nenhuma modificação física, mas a sua mente, sua essência, quem eles realmente eram estaria irremediavelmente modificado e como resultado eram inimigos da nação. A mesma coisa pode ser dita do desconhecido O Endemoniado de Olinto J. Oliveira, um livro que fala sobre a ascensão de uma conspiração satânica ao governo do Brasil escrito na época da Ditadura. Consegue ver um paralelo entre os temas?

2. Use opiniões como incentivos, não como palavra final
 Mas como consigo saber sobre esse contexto? Vem escrito na sinopse? A maneira mais rápida é você aprender a pesquisar sobre suas leituras,  talvez o maior problema dos leitores de hoje seja a preguiça em procurar mais sobre determinados assuntos e, principalmente em redes sociais, fazer a seguinte pergunta: alguém já leu? É bom? E sempre aparecem aqueles  que elogiam e defendem o livro e aqueles que tecem críticas ácidas.  E de certo modo os dois lados estão certos, cada um tem sua opinião certo? Esse foi um dos motivos do nascimento da Biblioteca do Terror, a maioria dos sites que visitava para buscar informações sobre o meu gênero favorito, não possuíam uma opinião aprofundada sobre o mesmo. O problema começava com a falta de observação do primeiro tópico, contextualização.
  Mas é nesse momento que entra a segunda dica: jamais tome a opinião de terceiros como palavra final. Se você realmente quer ter certeza de alguma coisa, vá atrás e experimente por si mesmo. Digo isso porque hoje em dia vejo pessoas que idolatram produtores de conteúdo e tomam suas palavras como uma verdade bíblica. Não é difícil você ter uma conversa em que cita um filme ou um livro, e pessoa te responde que não quer ver ou ler porque determinada pessoa ou site o fez e não gostou. Será que só porque sua tia fitness odeia pizza você jamais vai experimentar uma,só porque ela não gosta? Ou clássica reprovação dos pais e sacerdotes sobre sexo antes do casamento te impedirá em algo? Se sim parabéns. 
  Não sou o dono da verdade, o blog é reflexo do meu gosto pessoal, e dou uma grande ênfase nesse "pessoal",  o que você sempre vai encontrar aqui é a minha opinião. Agora eu quero que você a use como uma chave que vai te levar a encontrar aquele livro antigo ou leitura diferente que procura e não como uma fechadura que vai fazer você se afastar de determinado livro para sempre. É um ditado popular que opinião é igual a bunda, todo mundo tem, mas será mesmo? Acho que aquela metáfora dos tropeiros e dos bois se encaixa de modo fantástico aqui. Os antigos tropeiros atravessavam quase que todo o sul do Brasil conduzindo manadas de milhares de bois para vender no sudeste, mas curiosamente o número de homens precisos para este tarefa era bem reduzido.  Era preciso apenas controlar os animais que estavam na frente e nas laterais, assegurada a direção em que esses iam, a grande massa os seguia. Talvez esse animais que estivessem no meio imaginassem que estavam sendo controlados, pensavam que estavam livres correndo com seus amigos. Só percebiam o erro no momento em que a estrada se afunilava em direção ao abatedouro.

3. Não confunda "gosto" com "qualidade"
   Para os leitores a maior revolução que a internet proporcionou foi quebra o círculo dos formadores de opinião, os especialistas que antigamente ficavam em em jornais, televisão e rádio, agora competem com cada leitor que é um "especialista" em potencial. Nas redes sociais todo mundo é crítico e tem uma opinião formada sobre qualquer assunto, porém um erro que sempre persegue a literatura de terror é ter a sua opinião baseada simplesmente no gosto pessoal, não entenda errado, isso é muito importante, mas não é tudo. É nesse aspecto que entra a questão do pré-conceito: não lerei este livro porque fala sobre o diabo e minha religião não permite, ou como você pode gostar de ler um livro sobre serial killers e seus assassinatos? E logo após isso o autor da frase se posta diante da televisão para consumir sua dose diária de acidentes e violência nos  telejornais da televisão. Se você é uma daquelas pessoas que acha que só aquilo que você gosta é bom, só a música que você escuta é legal, só a sua literatura é cultura. Bom, tenho más notícias: até onde sei o centro do nosso sistema é um astro chamado sol e não [insira seu nome aqui, obrigado].

4. Não espere sentir medo com qualquer coisa
   Essa é difícil: o que define um livro de terror? Sua capacidade de assustar? De tirar o leitor de sua zona de conforto e transportá-lo para o inferno? Podemos dizer que o horror é muito mais sobre uma tragédia, do que o medo propriamente dito, e sobre a capacidade daquele personagem de superar aquela adversidade ou não. Nem toda história de terror é um poço de sangue, membros decepados, tripas cheias de vermes, zumbis e vampiros sanguinários. Nós temos medo, por exemplo, de caminhar em uma trilha escura à noite, ou de não encontrar uma pessoa para passar o resto da vida ao nosso lado, ou ainda algo mais pessoal e incompreensível como o medo de altura ou lugares pequenos. 
   É difícil definir onde nasce o medo e que tipo de gatilho vai conseguir ativar essa sensação em seu íntimo. Se o horror está na tragédia, muitas vezes ela se inicia com uma escolha errada ou em um erro baseado numa falha de caráter.  Um exemplo clássico é o do protagonista que vai investigar um som estranho à noite, para o leitor que sabe que esta é uma estória de terror essa é uma escolha péssima, mas para aquela pessoa, aquela é a sua vida, ela não tem a mínima noção de que está em um livro. E quem pode garantir que todos nós não estamos em um livro de terror? Que eu não passo do fruto da sua imaginação e que na verdade você está apodrecendo numa cela em um asilo e que Stephen King e Lovecraft na verdade são os nomes dos médicos que tentam lhe curar?
  Enfim cada livro é uma leitura diferente para cada pessoa. Para um católico, o demônio descrito em O Exorcista é uma das fontes de medo mais profundas do seu íntimo, para um pai que sofre do vício da bebida, O Iluminado é a tradução dos seus piores pesadelos, assim como que para quem tem medo de palhaços Pennywise é o mal encarnado. Como também pode ser o contrário, para um masoquista experiente Hellraiser é uma  simples crônica  diária, no mínimo interessante.  Um livro de terror é como uma peça de roupa, não adianta você pegar o primeiro que aparecer na sua frente e esperar que ele sirva para você. Há casos em que isso provavelmente acontecerá, mas antes de tudo, é importante  saber o seu "tamanho."

5. Expectativa
  Eis a ferida que jamais cicatriza no leitor constante: a expectativa. É difícil você não criar expectativa quando o lançamento em questão é do seu autor favorito. É difícil você não criar expectativa quando no seu círculo de amizades aquele filme ou livro é o assunto principal. É difícil você não criar expectativa quando a editora faz uma campanha de marketing tão agressiva que até no seu sonho aparece um banner do livro. Diferente do que alguns leitores comentam, eu não consigo ter expectativa baixa sobre determinada obra, se um livro me chama a atenção a primeira coisa que penso é que a leitura será ótima e que preciso por minhas mãos naquela belezura. Essa linha de pensamento me levou a encontrar livros fantásticos, como o próprio Iluminado de Stephen King, Asteca de Gary Jennings, Xógum de James Clavell, A Profecia de David Seltzer e A Sentinela de Jeffery Konvitz. Mas também já me fez chorar de decepção com livros como Semente do Diabo de Dean Koontz, O Devorador de Lorenza Ghinelli e recentemente Loney de Andrew Michael Hurley. 
  Talvez minha pior decepção tenha acontecido com As Amorosas de Kathleen Winsor, hoje eu reconheço que deveria ter sacado na hora por causa do nome, mas a sinopse falava sobre uma Jornada Diabólica empreendida por uma jovem no Inferno, como uma estória assim não seria legal? Mas adivinhem que jornada era essa? Na época eu não conhecia o conceito de romance de banca, mas a tal jornada diabólica envolvia em sua grande parte sexo com Lúcifer e o drama de descobrir que o demônio também era amante de sua mãe. Tá de brincadeira comigo não é? O problema é que este livro foi publicado pela Nova Cultural com o mesmo selo que obras como A Última Vítima de Dan Barton, um dos primeiros suspenses que li. 
   E o que essa experiência me ensinou? Nada! Pouco tempo depois comprei Dança Macabra de Stephen King achando que estava adquirindo o clássico Dança da Morte. Mas essa foi uma decepção passageira, o livro logo se tornou minha bíblia do terror e guia pelas estantes empoeiradas das bibliotecas que visitava. Mas então como evitar se decepcionar por causa de uma grande expectativa? Talvez não seja possível, mas se você tiver em mente os itens anteriores talvez consiga reduzir os efeitos nocivos dessa decepção e aproveitar sua leitura. Afinal o que realmente importa dentro disso tudo é a diversão.

Notícias: O Evangelho de Sangue da Colônia de Aranhas

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   Esta semana: Evangelho de Sangue de Clive Barker e o aguardado retorno dos cenobitas; À Sombra de uma Mentira de  Alex Marwood, candidato a um dos melhores suspenses do ano; O Animal Mais Perigoso de Todos de Gary L. Stuart e a promessa da revelação da identidade de um dos assassinos mais icônicos dos Estados Unidos, o Zodíaco, e  A Colônia de Ezekiel Boone e suas aranhas ancestrais assassinas.


 Evangelho de Sangue de Clive Barker
“Eu vi o futuro do terror, seu nome é Clive Barker.”
- STEPHEN KING, AO LER HELLRAISER EM 1986 -

   Finalmente a Darkside Books anunciou a data de lançamento de uma das obras mais aguardados pelos fãs, o Evangelho de Sangue de Clive Barker trará o inferno às livrarias nacionais em Julho. O livro é a chave final para o acesso completo a Configuração do Lamento, em meio a gemidos de prazer e gritos de agonia você irá conhecer todos os segredos que envolvem os cenobitas, Barker tornou oficial grande parte da mitologia criada pela série de filmes, além de utilizar a obra para amarrar seu universo macabro. O destaque inicial é para a incrível arte da capa, sem sombra de dúvidas a mais linda já feita pela editora.

Sinopse:
   Por aproximadamente trinta anos o Sacerdote do Inferno – conhecido por todos nós pela sugestiva alcunha de Pinhead – tem sido um dos mais ilustres e famosos personagens do universo do terror de todos os tempos. O aclamado escritor Clive Barker, seu criador, apresenta agora o capítulo final desta saga, que teve início com Hellraiser – Renascido do Inferno. Publicado pela primeira vez no Brasil pela DarkSide® Books em 2015, o clássico de Barker se tornou um verdadeiro sucesso e liderou a lista dos mais vendidos da Amazon Brasil. Além disso, a edição chamou a atenção do próprio Barker que considerou-a a mais bela já feita para a sua novela. E agora não será diferente. Você vai entender tudo sobre o universo dos Cenobitas.
   Evangelho de Sangue oferece uma junção clara dentro do universo de Barker. Os leitores mais atentos já perceberam que as histórias dele se passam em um mesmo universo, mas, agora, o mundo de Hellraiser é explicitamente unido ao do detetive Harry D’Amour – que aparece em outras histórias do autor, como o conto “The Last Illusion”, presente no sexto volume dos Livros de Sangue, e no romance Everville. D’Amour, que se dedica a investigar casos sobrenaturais, mágicos e malignos, vem encarando seus demônios pessoais há anos. Quando ele se depara com uma Caixa das Lamentações – neste livro, Barker expande a mitologia da Caixa de Lemarchand, e conta que ela é só uma das muitas Caixa das Lamentações que existem por aí –, seus demônios internos são substituídos por demônios de verdade, conforme ele se vê enredado em um terrível jogo de gato e rato, absolutamente complexo, sangrento e perturbador. 
   Evangelho de Sangue reconduz os leitores ao tempo marcado por dois de seus mais icônicos personagens, que conduzem a história em uma batalha entre o bem e o mal tão antiga quanto o tempo, onde o autor conecta a mitologia de Hellraiser ao Inferno bíblico. Segundo o escritor inglês Michael Marshall Smith, “o embate entre D’Amour e Pinhead é meticulosamente construído, infinitamente criativo e tem muito bom humor. A personificação do mal está nos detalhes, é claro, e a imaginação singular de Barker permanece extraordinariamente fértil. Ele está no controle total de sua prosa [...] e percebe-se que este é um romance de um homem feliz por estar de volta, que ainda tem muito para nos oferecer. [...] É um universo estranho e secular. Venha ver o seu lado sombrio, se tiver coragem”.


À Sombra de uma Mentira de  Alex Marwood
  À Sombra de uma Mentira, ganhador de um Edgar Allan Poe Award e extremamente bem elogiado por Stephen King, é um daqueles lançamentos candidatos ao título de melhor livro de suspense do ano, com uma sinopse instigante e boas recomendações, é um livro para se ficar de olho.

Sinopse:
 Em uma manhã de verão, duas meninas se encontram pela primeira vez. Ao final do dia, elas serão acusadas de assassinato. Poucas horas depois de se conhecerem, Jade e Bel, ambas com 11 anos, veem-se envolvidas na morte de uma garotinha e tachadas de assassinas. As duas meninas são enviadas a diferentes reformatórios, onde recebem novas identidades e são instruídas a nunca mais entrar em contato uma com a outra. Agora elas são Kirsty, uma respeitável jornalista freelancer de Londres, e Amber, gerente de um parque de diversões no sul da Inglaterra. Quando Amber encontra um corpo em uma das atrações do parque, a mídia fica em polvorosa, e Kirsty, enviada para cobrir os assassinatos, acaba cruzando o caminho de sua velha conhecida. Não demora muito para as duas se darem conta de o quanto sabem uma sobre a outra. Com medo de que seu passado seja descoberto e exposto pelo frenesi da imprensa, Kirsty e Amber lutam para manter o segredo a salvo.


O Animal Mais Perigoso de Todos de Gary L. Stuart 

 Outro lançamento da Bertrand Brasil é O Animal mais Perigoso de Todos, mais um daqueles livros extremamente controversos que dividem a opinião dos leitores, seu autor simplesmente afirma que durante as buscas por seu pai descobriu a identidade do famoso serial killer Zodíaco, um dos maiores mistérios da criminologia moderna. 

Sinopse:
Pouco depois de sua mãe biológica contatá-lo pela primeira vez, aos 39 anos, Gary L. Stewart decidiu sair à procura de seu pai. Sua busca o levaria a descobrir uma terrível verdade e o forçaria a reconsiderar tudo o que pensava conhecer sobre si mesmo e o mundo. O animal mais perigoso de todos conta a história da caçada de uma década de Stewart pelo pai, seguindo uma trilha complexa de reviravoltas e conexões surpreendentes, revelando o nome do assassino do Zodíaco pela primeira vez, além de construir um perfil psicológico assustador do criminoso que cativou a imaginação da América por décadas e permaneceu um dos grandes mistérios não solucionados do século XX.



A Colônia de Ezekiel Boone
  A Suma de Letras está começando a mudar o foco de suas publicações, além de Stephen King, eles passarão a apostar mais em ficção científica e horror, no primeiro gênero já foram publicados Gigantes Adormecidos de Sylvain Neuvel e a bela edição de Guerra dos Mundos de H. G. Wells, além do anúncio do lançamento do vencedor  do Prêmio Hugo de ficção científica, O Problema dos Três Corpos do chinês Cixin Liu. O primeiro grande lançamento de horror, aguardado para o mês de agosto, é nada menos que A Colônia de Ezekiel Boone. Publicado nos Estados Unidos no início deste mês A Colônia é o romance que trouxe a aracnofobia novamente para as páginas dos livros de terror, reinventado o gênero das "criaturas assassinas" tão popular na década de setenta e oitenta. Uma expedição científica ao Perú acaba acordando uma espécie ancestral de aranhas, após um sono de séculos elas estão prontas para recolonizar o planeta. Os comentários são positivos e o citam como um dos romances apocalípticos mais criativos dos últimos anos.

Resenha: A Guerra dos Mundos de H. G. Wells

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Sinopse:
   Eles vieram do espaço. Eles vieram de Marte. Com tripés biomecânicos gigantes, querem conquistar a Terra e manter os humanos como escravos. Nenhuma tecnologia terrestre parece ser capaz de conter a expansão do terror pelo planeta. É o começo da guerra mais importante da história. Como a humanidade poderá resistir à investida de um potencial bélico tão superior?


O Fim da Humanidade
    Guerra dos Mundos, publicado em 1898, é uma das obras mais importantes da ficção científica, o primeiro livro a narrar uma invasão alienígena hostil e imaginar seus efeitos e repercussões na sociedade da época, os marcianos de  H. G. Wells simplesmente caem na Terra e tentam uma abordagem explícita para a conquista do nosso planeta: aniquilar tudo o que se mova, numa grande purificação para uma colonização futura. Mais ou menos o que nós fazemos com os insetos em uma mudança para uma casa antiga. A estória foi publicada de forma seriada em jornais e seu sucesso foi imediato. Wells tinha uma maneira extremamente particular de abordar assuntos "científicos" de forma simples e didática, trazendo questões que antigamente se limitavam apenas as esferas acadêmicas para o grande público, neste caso a vida alienígena e os recém descobertos seres microscópicos.
   A invasão marciana de Wells tornou-se tão popular que em 1938 uma versão radiofônica foi transmitida nos Estados Unidos e, narrada por  Orson Welles, foi responsável por um dos momentos mais curiosos da história da radio. A transmissão começou com pequenos boletins que interrompiam a programação normal, um suposto repórter estava cobrindo um evento sem precedentes, o pouso de uma nave alienígena em solo americano! Mesmo sendo relatado de tempos em tempos que tudo não passava de uma brincadeira de dia das bruxas, a chama da histeria se alastrou pelo país e a rádio recebeu centenas de ligações de pessoas desesperadas, algumas pedindo mais informações para se juntar a batalha, outros revelando que os tais marcianos eram aliados de Hitler  no projeto de dominação mundial. O fato tornou-se mundialmente conhecido e a edição especial da Suma de Letras traz como bônus uma entrevista bem humorada que reúne H. G. Wells e Orson Welles.

O Legado de Guerra dos Mundos
   Os tentáculos centenários de Guerra do Mundos ainda estão vivos nos dias de hoje, não é incomum durante a leitura você encontrar uma cena que irá te remeter a filmes ou desenhos modernos, mas não confunda homenagem com clichê. O livro serviu como base para as histórias do gênero dos anos seguintes, por exemplo Os Invasores de Corpos de Jack Finney, no qual a invasão ocorre de forma silenciosa e a humanidade só tem ciência do que está acontecendo tarde demais, ou ainda O Enigma de Andrômeda de Michael Crichton, no qual os alienígenas não são os monstrinhos verdes que povoam a nossa imaginação, e que na realidade a invasão pode vir na forma de bactéria alienígena altamente mortal, e ainda o clássico de A Aldeia dos Malditos de John Wyndham e a assustadora colonização do planeta através dos nossos descendentes. Outro ponto importante a ser ressaltado é a crítica social  à época em que a obra foi escrita, há dezenas de cenas na obra que possibilitam uma analogia explícita ao imperialismo europeu na África, carregadas de um sarcasmo tão pesado e inteligente que torna os sofrimento dos ingleses uma grande metáfora  sombria.

Um Clássico Eterno
   Imagine que ao acordar para mais um dia normal de trabalho você descobre que a internet está tomada por notícias da queda de um estranho asteroide do espaço, ao que tudo indica um objeto artificial, apesar de ser algo extremamente curioso isso não tem nenhum peso sobre sua rotina, assim como todos os dias você continua suas tarefas. Então pequenos fragmentos de informação começam a chegar, nunca através dos órgãos oficiais, por meio do boca a boca são espalhados sussurros de que criaturas saíram de dentro daquele objeto e que após uma grande comoção da multidão que os rodeava, começaram a matar todos com suas armas de raios e máquinas gigantes de três pernas. Ao longo do dia você consegue notar uma movimentação estranha do exército, embora na superfície tudo pareça estar completamente normal, dá para sentir no ar uma tensão, algo de muito ruim está acontecendo. Quando você souber o que é, será tarde demais. É uma invasão alienígena.
   Guerra dos Mundos mais do que uma boa leitura proporciona espaço para reflexões sobre a real possibilidade de uma invasão alienígena, se você está procurando uma narrativa que ilustre a visão cinematográfica americana procure outra obra, aqui você vai encontrar uma verossimilhança perturbadora que levanta questionamentos: como você agiria perante uma invasão de seres do espaço? Como seu psicológico seria afetado pela destruição das suas crenças? É de se imaginar que para uma raça tão evoluída a ponto de cruzar o espaço com sua força militar não passaríamos de simples formiguinhas correndo ao redor do formigueiro tentando salvar nossas pequenas vidas da grande "bota" que esmaga nossa casa. A nova edição da Suma de Letras é um deleite para os fãs colecionadores, além do texto e projeto gráfico impecáveis, com destaque para a capa dura, a obra ainda conta as clássicas ilustrações originais criadas em 1906 por Henrique Alvim Corrêa,  um prefácio escrito por Bráulio Tavares, um dos maiores especialistas brasileiros em ficção científica, e uma introdução de Brian Aldiss, autor do conto Superbrinquedos duram o verão todo que foi adaptado por Steven Spielberg no filme, A.I. Inteligência Artificial. Um livro indispensável para os leitores de fantasia e ficção científica.

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

Resenha: Os Condenados de Andrew Pyper

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“O medo clássico tem um novo nome. Andrew Pyper.”
— STEPHEN KING —

“Excelente em todos os sentidos.”
— DENNIS LEHANE —

“Inteligente, criativo. [...] isso é o que demônios fazem melhor: nos hipnotizam, nos seduzem, nos paralisam.”
— THE NEW YORK TIMES BOOK REVIEW —

“Leitura compulsiva e assustadora, Os Condenados é uma história sobre infernos pessoais e relações que nos assombram.”
— LAUREN BEUKES —

Sinopse:
    Danny Orchard conseguiu enganar a morte e ganhou uma segunda chance para viver. Só que ele não voltou do inferno sozinho. Em Os Condenados, Andrew Pyper, autor do fenômeno O Demonologista, explora as conexões de amor e ódio entre irmãos gêmeos, numa história sobrenatural digna de pesadelos. Danny passou por uma experiência de quase-morte em um incêndio há mais de vinte anos. Sua irmã gêmea, Ashleigh, não teve a mesma sorte. Danny conseguiu transformar sua tragédia pessoal em um livro que se tornaria um grande best- seller. Ainda que isso não signifique que ele tenha conseguido superar a morte da irmã. Claro, ela nunca mais o deixaria em paz.

So gimme fuel! Gimme fire! Gimme that which I desire!
  O medo da morte é uma constante na vida de cada um, não sabemos onde, como ou quando, apenas que ela é inevitável, o nosso maior desconforto advém do medo do desconhecido,  não saber o que nos espera após cruzarmos o umbral da morte é uma grande tortura. Será a nossa existência um simples capricho da natureza ou fruto de um plano maior? A vida após a morte é a questão central da grande maioria das religiões, suas diferenças estão nos ritos a serem cumpridos para alcançar a paz na próxima na vida, além da percepção do que é o paraíso, será que ele é povoado por anjos tocando arpas ou virgens e banquetes regados a tonéis de cerveja? O caráter imaginativo da literatura se dispõe a responder essas questões e as formas de abordagem são infinitas, mas todas convergem para um mesmo ponto: para abraçar a ideia do autor é imprescindível que você acredite que a vida é mais do que a nossa percepção simplista da realidade nos permite vislumbrar, e que somos rodeados por um poder que transcende a nossa mortalidade. 
  A morte é o grande combustível das histórias de terror, é o que faz o medo fluir pelas páginas dando a vida a horrores e monstros que de outra maneira não poderiam existir. A sobrevivência é a grande motivação dos protagonistas, o que os fazem correr pela floresta à noite de assassinos psicóticos ou entrar em pânico quando uma simples lâmpada se apaga, é o medo da morte e a consciência de sua iminência que os fazem enfrentar um horror além da imaginação. Nesse contexto a vida após a morte é uma incógnita, frequentemente nas histórias de fantasmas a assombração e o fato que a impede de seguir adiante são muito mais importantes que o próprio além. A questão da perspectiva é muito importante nesse tipo de obra, pois a maneira como você entende o sobrenatural e o assimila em suas crenças, é o que define o que é assustador ou não. 
  Em A Noiva Fantasma de Yangsze Choo, por exemplo, a tradição milenar de queimar roupas e alimentos tem grande importância na  criação do mundo pós-vida, a segurança dos espíritos não é garantida por seus atos na Terra, mas sim pelo valor das oferendas que recebem. Já no  Auto da Compadecida de Ariano Suassuna a versão cristã do purgatório, um local onde seus pecados e gentilezas são examinados, é onde as almas aguardam o julgamento para saber qual será seu destino final. Enquanto na versão espiritista de Amor Além da Vida de Richard Matheson, somos nossos próprios juízes e o sentido da  existência é a busca pela perfeição da alma por meio de sucessivos renascimentos...  Andrew Pyper cria em Os Condenados uma versão do pós-vida mais pessoal, o inferno e o paraíso são definidos por nossas experiências, antes mesmo da morte eles já estão dentro de nós, são compostos por nossas lembranças, as melhores e as piores, que se repetirão pela eternidade. É uma experiência de quase morte que transporta seu protagonista para o vale da sombra da morte e o traz de volta para relatar o que viu por lá.

Quench my thirst with gasoline.
  A experiência de quase morte é assunto que gera polêmicas e divide opiniões entre a sociedade científica, prova da existência da alma, lenda baseada no senso comum ou ilusão inspirada pela religiosidade? A questão é que dezenas de relatos intrigam os especialistas, tanto por suas descrições quanto pela similaridade existente entre as mesmas, feitas por pessoas à beira da morte que tiveram a experiência conhecida como projeção astral. Danny Orchard é uma dessas pessoas que, cortejado duas vezes pelo abraço gelado da morte, sobreviveu a viagem e retornou com provas inquestionáveis da existência de algo além da nossa compreensão. Sua última quase morte foi a mais dolorosa, apesar de ter sobrevivido com poucas sequelas,  sua irmã gêmea, Ashleigh, não teve tanta sorte. Foi queimada viva.
   Para todos aqueles que observavam a família Orchard de fora,  Ashleigh era o reflexo da garota americana perfeita, era inteligente, popular e bonita, não era preciso ser nenhum adivinho para enxergar um futuro brilhante em seu horizonte. Mas para aqueles amaldiçoados com seu convívio íntimo, essa casca de perfeição mal encobria um interior podre e depravado. Na intimidade Ashleigh era cruel, egoísta e sádica, sua personalidade dominadora fazia com que sua família não passasse de um simples apêndice para sua existência. Sua morte foi recebida com menos tristeza do que o esperado, Danny achou que estava livre de sua influência negativa e que poderia finalmente começar sua própria vida. Mas não ficou nenhum pouco surpreso, quando semanas após sua morte, o fantasma de sua irmã se materializou ao seu lado. 
   O fantasma de Ashleigh se tornou uma doença crônica, uma espécie de presença constante que, sempre que Danny tentava interagir com outras pessoas, manifestava uma fúria sem limites. Mesmo após a morte sua personalidade doentia não sofreu nenhuma alteração, sua concepção era de que o irmão errado havia morrido naquele incêndio, como compensação por sua vida ter sido interrompida tão prematuramente iria garantir que seu irmão não tivesse uma vida. Danny passou grande parte de sua existência imerso em solidão, porém esse cenário muda completamente quando conhece uma mulher especial. Em seu coração ela desperta o mais puro amor. No coração de sua irmã o mais límpido ódio.

On I burn!

 Os Condenados é mais do que uma simples história sobrenatural sobre assombrações, é um envolvente suspense psicológico que fala sobre os fantasmas pessoais, nascidos das cicatrizes de traumas da infância e de relacionamentos abusivos, e a força necessária para enfrentá-los, cuja semente está no poder do amor. Andrew Pyper constrói um clima sólido de suspense, cenas de ação e tensão são complementadas por ótimos personagens, sua escrita é mais pessoal e intimista, consegue envolver o leitor através de uma empatia e carisma que não estavam presentes em Demonologista, o vilão aqui é muito mais assustador por seu caráter único, é alguém que você ama.
   A narrativa é rápida, mas não é apressada, há uma história para ser contada aqui, as aflições de um homem em sua batalha individual contra seus demônios particulares, e Andrew Pyper toma o tempo necessário para fazê-lo. Em comparação com O Demonologista, em Os Condenados há uma liberdade maior para a criação do ambiente sobrenatural, já que o autor não é limitado pela obra de terceiros e nem pela preocupação de ferir a crença religiosa de alguém, não há linhas em branco para sua imaginação preencher, o final é fechado e não deixa margens para interpretações. Não é um livro que vai te dar medo, mas é um livro que vai te fazer prender o fôlego e devorar suas páginas até a última linha, roendo as unhas de tensão. Se você procura uma leitura instigante e divertida Os Condenados é o livro perfeito para você.

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)


30 Livros sobre Serial Killers, Crimes e Assassinatos Reais!

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“Eu nasci com o diabo em mim.”
- H. H. HOLMES -

"Nós, serial killers, somos seus filhos, seus maridos, estamos em toda a parte. E haverá mais de suas crianças mortas amanhã. Vocês sentirão o último suspiro deixando seus corpos. Vocês estarão olhando dentro de seus olhos..." 
- TED BUNDY -

“Eu gosto de matar pessoas porque é muito divertido.”
- ZODÍACO -

“Depois que a minha cabeça for cortada, ainda vou ser capaz de ouvir, pelo menos por um momento, o som do meu próprio sangue jorrando do meu pescoço? Isso seria o melhor prazer para acabar com todo o prazer. ”
- PETER KURTEN, O VAMPIRO DE DUSSELDORF -

 “Um palhaço pode 'se dar bem' somente como assassino.” 
- JOHN WAYNE GACY -

   Desde o princípio da humanidade a maldade é um conceito amplamente discutido e o homem, como o único ser que mata a própria espécie por prazer, se coloca como um dos pilares das discussões. Será que a bondade é mesmo um "artigo de fábrica" presente em todos? Ou é algo que é aprendido ainda na infância?  O que leva uma pessoa a sentir prazer com o sofrimento de um igual? E a matar metódica e cruelmente até que alguém consiga por um fim em seu ciclo mortal? Não existe uma resposta exata para essas questões, porém a literatura nos dá ferramentas para desvendar esses mistérios através de obras que dissecam as mentes destes psicopatas. Confira a seguir uma lista com 30 indicações de livros de não-ficção baseados em fatos reais sobre o tema.


Zodíaco de Robert Graysmith
   Aterrorizando a cidade de San Francisco desde 1968, o serial killer Zodíaco, em cartas cheias de escárnio enviadas aos jornais, escondia pistas sobre sua identidade e usava astuciosas mensagens criptografadas que desafiavam as maiores mentes decifradoras de código da CIA, do FBI e da NSA. Nessa época, o autor, Robert Graysmith, era o cartunista de política do maior jornal do norte da Califórnia, o San Francisco Chronicle, de forma que estava lá quando cada uma das cartas criptografadas, cada mensagem codificada, cada farrapo de roupa ensangüentada das vítimas chegou à redação. Esta é a história real de uma caçada que se estende por mais de duas décadas e que ainda persiste. Ao longo dos anos, apenas fragmentos das cartas do Zodíaco foram revelados pela polícia ou reproduzidos e reimpressos pelos jornais. Neste livro está cada palavra que o Zodíaco escreveu à polícia.

Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal de John Berendt
   "Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal"é a reconstrução como romance de um drama real - o julgamento de Jim Williams, antiquário famoso que matou seu assistente, o jovem Danny Hansford. Em torno desta trama - um assassinato com aspectos de paixão, violência e homossexualidade - Berendt criou um magnífico mosaico de personagens, misturando ficção a minuciosa reportagem. O escritor, que viveu oito anos em Savannah, faz do leitor um voyeur dos seus habitantes. Alguns exóticos, como a sedutora drag queen Lady Chablis, outros atraentes e humanos. Todos absolutamente fascinantes.

Manson: Retrato de um crime repugnante de Vincent Bugliosi
   O livro conta a história real do serial killer Charles Manson. Escrito pelo promotor do caso, que teve acesso a todos os depoimentos das testemunhas e do próprio julgado, Charles Manson. Ele se achava o quinto beatle enviado por Deus para guiar a juventude que curtia muito rock, sexo e drogas. Mas Charles Manson e a violência de seu grupo de seguidores colocaram fim aos sonhos da geração paz e amor.

O Demônio na Cidade Branca de Erik Larson
  Em O DEMÔNIO NA CIDADE BRANCA, Erik Larson cria um livro dinâmico e envolvente, recheado de informações assustadoras. Um retrato literário de uma realidade mais estranha que qualquer ficção. Embora os dois homens — o arquiteto Daniel Hudson Burnham e o jovem médico psicopata Henry H. Holmes — nunca tenham se encontrado, ao menos não formalmente, os seus destinos se uniram por um evento único e mágico, que na época acreditava-se possuir um caráter transformador quase igual ao da Guerra Civil; a Grande Exposição de Chicago, em 1893.


O Sapateiro: A anatomia de um psicótico de Flora Rheta Schreiber
   Há menos de uma década, os habitantes dos Estados de Pensilvânia, Maryland e Nova Jérsey ficaram estarrecidos com uma série de crimes em que um homem e seu filho adolescente invadiram casas, amarravam e roubavam os moradores e, por vezes, agrediam-nos sexualmente. A onda de crimes chegou ao ápice com o assassinato de uma enfermeira em Leonia, Nova Jersey. Neste livro absorvente, Schereiber, a autora de Sybil, conta a histórias dos criminosos, concentrando-se primordialmente em Joseph Kallinger, um sapateiro da Filadélfia, de 38 anos, que conduziu essas expedições. Kallinger, filho adotivo de pais imigrantes que eram distantes e frios, salvo quando eram despertados para a raiva e o brutalizavam selvagemente, foi mantido isolado das outras crianças e passou a sentir-se totalmente inadequado e profundamente indesejado. Seu primeiro casamento terminou em fracasso, e o segundo se deu com uma mulher singularmente passiva. Sua psicose cresceu até irromper, finalmente, em três assassinatos, inclusive o de um de seus próprios filhos. Compreensiva demais para com Kallinger, Schereiber chega quase a sugerir que o filho Michael, de 13 anos, foi a força motora por trás dos atos de violência do pai...

A Sangue Frio de Truman Capote
   Um homem religioso, uma mãe depressiva, um adolescente, uma garota dona de casa, um cachorro amedrontado e dois ladrões frustrados. Esses e outros personagens são os ingredientes chave para o romance jornalístico A sangue frio, de Truman Capote. O livro é uma reportagem investigativa sobre o assassinato de quatro membros da família Clutter, o casal e seus dois filhos caçulas, ocorrido em 1959 na cidade de Holcomb, no Kansas, Estados Unidos.

Mea Culpa de Doca Street
   Trinta anos após ter cometido um dos crimes passionais de maior repercussão no país, Doca Street conta sua versão da tragédia. Depois de uma violenta discussão com Ângela Diniz, Doca assassina a "pantera de Minas"à queima-roupa, na véspera do Reveillon de 1976. Com Mea culpa, o leitor está "diante de uma história com todos os ingredientes de uma verdadeira novela policial: dinheiro, infidelidade, drogas, amor, ciúme e, ao final, o cadáver de uma mulher", observa o jornalista e escritor Fernando Morais nas orelhas do livro.

As Suspeitas Do Sr. Whicher de Kate Summerscale
   Com base numa pesquisa, Kate Summerscale reconstitui um brutal assassinato na Inglaterra de 1860, e mostra como, no curso das investigações, foram expostas as entranhas da sociedade britânica da era vitoriana. 

O Monstro de Florença de Douglas Preston
   1968- Um duplo homicídio dá início a um pesadelo ainda sem fim para o moradores de Florença. Uma crônica extraordinária e assustadora de assassinato. Este livro conta a história real do assassino em série que aterrorizou Florença.

O Homem de Gelo de Philip Carlo
   "Ele matava com revólveres, veneno, porrete, facas, estrangulando, usando seus punhos, faca, chaves de parafuso, picadores de gelo, granadas de mão e até mesmo fogo. Nunca vimos nada parecido com ele. Para dizer a verdade, nós nunca nem ouvimos falar de nada semelhante". - Bob Carroll, assistente da Procuradoria Geral de New Jersey

Mentes Criminosas e Crimes Assustadores
   De todos os milhões de casos de crimes horrendos cometidos através dos séculos, existem aqueles que parecem ter vida própria. Apesar da passagem dos anos eles continuam a manter seu fascínio sobre a imaginação coletiva e a despertar nosso medo atávico. Por alguma razão, cada um desses casos e as histórias que o acompanham tocam o âmago do ser humano - talvez devido às personalidades envolvidas, à insensatez da corrupção criminal, ao persistente incômodo da dúvida sobre uma justiça que não se fez ou ao desapontamento de saber que ninguém foi preso. 
   Cada um dos casos examinados nesse livro é extremamente controverso. E cada um contém, no fundo, alguma verdade universal, que todos nós podemos vislumbrar. Juntos formam um quadro bastante representativo do comportamento humano em condições extremas e nos levam a inevitáveis considerações sobre o bem e o mal, a inocência e a culpa.

American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson de Jeffrey Toobin
   American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson é o mais completo livro sobre o caso do craque recordista da NFL acusado de matar a esposa e um amigo. O livro foi escrito por Jeffrey Toobin, repórter que cobriu o julgamento para a revista New Yorker e, mesmo partindo do princípio que Simpson era culpado, o livro apresenta informações minuciosas que ajudam a desvendar por que O.J. foi inocentado naquele grande circo que virou seu julgamento. Um gigantesco evento da mídia global, acompanhado por mais de 20 milhões de espectadores – recorde superior à chegada do homem à Lua –, aquele foi um dos primeiros casos de tribunal a utilizar a moderna ciência forense como parte das evidências. 

Meus Lugares Escuros de James Ellroy
   No relato biográfico de MEUS LUGARES ESCUROS, James Ellroy revisita seu passado na tentativa de exorcizar fantasmas que o atormentavam. A idéia era utilizar o dinheiro e o prestígio conseguidos com a literatura para investigar novamente o assassinato de sua mãe, em busca de respostas. Não apenas sobre a identidade do homem que a matou, mas de suas próprias origens. A jornada rumo ao passado é dolorosa, mas, endurecido pelos traumas da infância e juventude, Ellroy a suporta muito bem. Meus Lugares Escuros é dividido em quatro partes. Na primeira, A ruiva, Ellroy revive e relata a investigação do assassinato de sua mãe. Na segunda parte, O menino na fotografia, relembra sua vida, em um relato que começa na infância e vai até a descoberta da literatura. Aqui ele revela sem pudores que foi viciado em drogas, mendigo e que invadiu casas para roubar e cheirar calcinhas. E explica o que foi necessário para conseguir sair do fundo do poço. Depois, em Stone, Ellroy descreve o detetive contratado por ele para reabrir o caso do assassinato de Jean Ellroy. Por último, Geneva Hilliker é o relato da nova investigação do caso, seus desdobramentos e a descoberta da personalidade da mãe, por quem Ellroy confessa até mesmo um forte desejo sexual.

A Caçada ao Assassino de Lincoln de James L. Swanson
   O assassinato de Abraham Lincoln impulsionou a maior caçada a um homem em toda a história americana. De 14 a 26 de abril de 1865, o assassino levou a cavalaria da União e os detetives a uma imensa procura pelas ruas de Washington, pelos pântanos de Maryland e florestas da Virgínia, enquanto o país inteiro, recém-saído da guerra civil, se horrorizava e entristecia com o desenrolar dos fatos. Em ritmo de suspense, James L. Swanson investiga os mistérios por trás das motivações de Booth e os planos arquitetados numa tentativa de reverter os resultados da guerra.

O Professor e o Louco de Simon Winchester
   Com três séculos de atraso em relação aos vizinhos europeus, que possuíam livros e instituições dedicadas à filologia desde o século XVI, nascia na Inglaterra, em 1857, a ideia de um dicionário que abrangesse a língua como um todo. O Oxford English Dictionary descreveria todas as palavras anglo- saxônicas, além das mudanças de significado sofridas ao longo do tempo. A convocação de voluntários para o projeto permitiu o encontro de duas figuras fascinantes: o filólogo autodidata James Murray, irlandês de origem humilde, que dedicou quarenta anos à edição do dicionário, e o americano de família rica e tradicional William Chester Minor, médico promissor e dedicado, um dos colaboradores mais profícuos do dicionário, que passou a maior parte da vida preso num hospital psiquiátrico. Com uma prosa envolvente, Simon Winchester narra a profusão de histórias que existe por trás dos setenta anos da elaboração do dicionário Oxford e mergulha na vida desses dois personagens profundamente ligados àquele que é um dos maiores e mais importantes dicionários de todos os tempos.

Aliança do Crime de Dick Lehr
   Considerado em certa época o segundo nome na lista de mais procurados do FBI, atrás apenas de Osama bin Laden, James “Whitey” Bulger construiu um impressionante império do crime. Na década de 1980 ele aterrorizou a cidade de Boston praticamente sem ser importunado pela lei. Houve quem atribuísse isso a suas conexões políticas, pois James era irmão do influente William Bulger, presidente do Senado Estadual de Massachusetts. Os dois tinham reputação de astutos e inescrupulosos, mas, provou-se mais tarde, o anjo de James tinha outro sobrenome: Connolly.
  Agente em franca ascensão na divisão de Boston do FBI, John Connolly foi criado em South Boston, mesma vizinhança de Whitey, um gângster até então pouco influente. Era a época da caça à Cosa Nostra, e, após muitas tentativas de agentes do bureau, Connolly conseguiu o que poucos acreditavam ser possível: transformou Bulger em informante. O gângster, porém, fez muito mais do que seu dever de casa – além de colaborar para o desmantelamento da Máfia italiana, manobrou uma série de assassinatos e passou a comandar o tráfico de drogas na cidade. O acordo entre Bulger e Connolly saiu completamente do controle e, anos mais tarde, veio a se tornar o maior escândalo da história do FBI envolvendo informantes.


Social Killers - Amigos Virtuais, Assassinos Reais 
   Social Killers - Amigos Virtuais, Assassinos Reais é um livro assustadoramente verdadeiro. Seus autores, R. J. Parker e J. J. Slate, reúnem alguns dos casos mais angustiantes de criminosos que usaram as redes sociais para se aproximar de suas vítimas. Stalkers, predadores sexuais, assassinos, canibais, torturadores. A lista, infelizmente, não é pequena. E novas solicitações de amizade continuam chegando a cada dia. 


Sangue e Dinheiro de Thomas Thompson
  Esta é uma história densa e terrificante. Começa em 1969, quando uma das jovens senhoras mais famosas de Houston adoece misteriosamente numa grande mansão colonial. Ela é Joan Robinson Hill, uma amazona da alta sociedade, a muito focalizada esposa do Dr. John Hill, um talentoso e ambicioso cirurgião plástico. Juntos, eles são a quintessência dos texanos - os superdotados texanos do mito. Ricos, atraentes, temerários. Sua história move-se num percurso inexorável, que vai da elegância endinheirada de River Oaks, um dos recantos mais exclusivos dos Estados Unidos, até o fundo do brutal e implacável subsolo da sociedade, o mundo dos assassinos profissionais. Sangue e Dinheiro é composto de muitas histórias e muitos temas: ganância, violência, abuso do poder, o amor obsessivo de um velho vingativo por sua filha, a tumultuada necessidade de glória de um médico, a ligação trágica de uma prostituta com um assassino inexperiente. 


Serial Killers: Anatomia do Mal de Harold Schechter
   Entre na mente dos psicopatas. O dossiê definitivo sobre assassinos em série. O que faz gente aparentemente normal começar a matar e não parar mais? O que move – e o que pode deter – assassinos em série como Ed Gein, o psicopata americano que inspirou os mais célebres maníacos do cinema, como Norman Bates (Psicose, de Alfred Hitchcok), Leatherface (O Massacre da Serra Elétrica, de Tobe Hooper) e Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme). Como explicar a compulsão por matar e o prazer de causar dor, sem qualquer arrependimento? De onde vem tanta fúria?

Devoradores de Sombras de Richard Lloyd Parry
   Em 2000, a inglesa Lucie Blackman desapareceu em Tóquio. A investigação policial levou à descoberta de um crime abominável e à prisão de um milionário, Joji Obara, predador sexual capaz dos mais mirabolantes subterfúgios. Neste livro-reportagem, o jornalista Richard Lloyd Parry faz uma reconstituição impactante da vida na capital japonesa, do crime e do julgamento, ao mesmo tempo que cria o espantoso retrato de uma jovem sonhadora e de sua família, atingida pela tragédia de um bárbaro assassinato.

Nó do Diabo de Mara Leveritt
  Nó do diabo traz para o leitor a perturbadora história do caso conhecido como “Os Três West Memphis”, em que os jovens Damien Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley Jr. — membros de uma suposta seita satanista — foram acusados pelo assassinato brutal de três meninos de oito anos em West Memphis, uma pequena cidade do Arkansas, em 5 de maio de 1993. Condenados pelos assassinatos, os jovens passaram mais da metade da vida na cadeia até que o caso fosse revisado e provas de DNA fossem aceitas em um novo julgamento, mas o crime permanece sem solução.

Prenda-me Se for Capaz de Frank Abagnale
   As memórias de Frank Abagnale, Jr., um vigarista que, no fim dos anos 60, roubou centenas de milhares de dólares, usando uma falsa identidade de piloto da Pan Am e uma pilha de cheques frios.

Arquivos Serial Killers: Made in Brazil de Ilana Casoy

   Em Made in Brazil, Casoy relata sete casos de serial killers brasileiros, três dos quais ela entrevistou pessoalmente: Marcelo Costa de Andrade, o vampiro de Niterói, um dos casos e depoimentos mais chocantes do currículo da autora; Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho; e Pedro Rodrigues Filho, o Pedrinho Matador. Um relato cruel feito pelos próprios assassinos, conduzido com maestria por quem entende do assunto, que procura guiar o leitor pela sinuosa mente de pessoas frias e com movimentos mais que premeditados para o mal. Além deles, a autora se debruça sobre a vida e os crimes de José Augusto do Amaral (Preto Amaral), Febronio Índio do Brasil, Benedito Moreira de Carvalho (Monstro de Guaianases) e José Paz Bezerra (Monstro do Morumbi).

Manson - A Biografia de Jeff Guinn 
   Manson não é simplesmente uma biografia de um assassino e um líder de culto. É uma história da cultura norte-americana da Grande Depressão ao final do século XX. Um estudo fascinante da ambição, avareza, mesquinharia, controle da mente, celebrifilia (um desejo intenso e patólogico para se relacionar com uma celebridade), sexo, narcóticos, racismo e abuso de poder. É a história dos ex-presidentes Richard Nixon e Lyndon Johnson, de Martin Luther King, do Vietnã, do movimento ativista estudantil da nova esquerda Students for a Democratic Society, dos Panteras Negras, da cultura lisérgica e de uma nação em processo de degradação


A história de Lee Oswald de Norman Mailer
   A historia de Lee Oswald - uma grande reportagem investigativa na qual Norman Mailer, um dos mais importantes escritores americanos deste seculo, formula a questão essencial sobre o assassinato de JFK; não 'Quem era Oswald?', mas sim 'Quem era Oswald?' . E respondendo apenas a esta segunda pergunta que podemos ter esperança de encontrar resposta para a primeira. Mailer reconstitui a vida desse jovem ambicioso, apresentando pela primeira vez um relato completo que inclui ate um aspecto inexplorado, que mostra a infancia desastrosa de Lee Oswald, os anos no Corpo de Fuzileiros e os acontecimentos desde seu retorno aos Estados Unidos, em 1961, ate sua morte em Dallas, em 1963. 

Louco ou Cruel? de Ilana Casoy
   A primeira parte de Louco ou Cruel? aborda os serial killers sob diversos aspectos e à luz da Criminologia, do Direito, da Psiquiatria e da Psicologia, e dedica-se a dissecar este universo, analisando como tudo começa, quem são as vítimas, os aspectos gerais e psicológicos, os mitos e as crenças, o perfil do criminoso, a psicologia investigativa, a análise do local do crime e a encenação/organização da cena. 
   Na segunda parte do livro, Casoy apresenta em detalhes 16 casos de serial killers que chocaram e marcaram o século XX, entre eles Albert Fish, Ed Gein, Ted Bundy, Andrei Chikatilo, Jeffrey Dahmer, Aileen Wuornos e o Zodíaco, cuja identidade segue desconhecida até hoje. Histórias que habitam as entranhas da humanidade e o que ela tem de pior: frieza, perversidade e falta de sensibilidade que acabam por produzir o mal em escalas inimagináveis.


A Enciclopédia de Serial Killers de Michael Newton
   O fenômeno de assassinatos em série sempre foi considerado, ao mesmo tempo, o mais macabro e o mais fascinante ramo da criminologia moderna. Apenas recentemente autoridades policiais, psicólogos e cientistas removeram o véu de mistério para desvendar os segredos, os motivos e os perigos que os serial killers escondiam. A Enciclopédia de Serial Killers traz à tona esses criminosos e seus hábitos horrendos. Trata-se de um instrumento inestimável ao entendimento e ao combate da mais cruel atividade criminal, com mais de 240 verbetes detalhados, 70 fotos, além de vários apêndices.

Caçada ao Maníaco do Parque
   História verídica de um dos mais bárbaros episódios da crônica policial brasileira. Escrito a quatro mãos pela jornalista Luíza Alcalde e pelo investigador de polícia Luís Carlos dos Santos, relata os crimes do motoboy Francisco de Assis Pereira, um serial killer que violentava e matava suas vítimas no Parque do Estado, região sul da capital paulista.

O Quinto Mandamento de Ilana Casoy
   Honrar pai e mãe é o quinto mandamento bíblico, e desrespeitá-lo é inaceitável para a grande maioria das pessoas. O que levaria, então, uma aplicada jovem estudante de Direito, rica e bonita, a planejar o assassinato de seus pais e participar de cada etapa da elaboração do crime, prosseguindo, sem hesitar, até a aterrorizante noite fatal? O que faz o namorado dela, um rapaz também aparentemente "normal", encabeçar o plano com a ajuda do irmão? Com faro de detetive e talento de romantista, Ilana Casoy segue passo a passo os bastidores desse crime desconcertante, desde sua execução até a confissão final. Ela mostra o comportamento dos assassinos - que em pouco mais de uma semna passaram de vítimas a acusados -, os depoimentos da família e o trabalho quase sem precedentes na história da polícia, recolhe prova por prova na busca pela verdade.

Fulminado por um raio de Erik Larson
   O autor narra as aventuras de dois homens – Hawley Crippen, um assassino improvável, e Guglielmo Marconi, o obsessivo criador de um meio de comunicação aparentemente sobrenatural, o rádio – cujas vidas se encontram durante uma das maiores perseguições a criminosos de todos os tempos.

Leia Também

Resenha: O Passa-Paredes de Marcel Aymé

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Sinopse:
   O Passa-Paredes compõe-se de dez contos publicados durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial. Numa época em que o escritor, para sobreviver, apelava não poucas vezes para a escamoteação da realidade, Aymé deu largas ao pendor para o fantástico e o alegórico, ironizando a crescente degradação do homem, a decadência de costumes e da sociedade francesa de seu tempo. Num sentido restrito, poderia ser chamado de puritano e conservador. Porém, se atentarmos bem verificaremos que seu puritanismo nada mais é do que a tentativa de manter-se íntegro diante de um mundo, de uma civilização que parecia desabar diante das panzerdivisionen alemãs.

Opinião:
    O Passa-Paredes de Marcel Aymé é mais um clássico esquecido em meio aos grandes nomes da Coleção Mestres do Horror e da Fantasia da Editora Francisco Alves, publicado originalmente no auge da ocupação nazista da França, é um livro que se imiscui no fantástico e no bizarro para tecer severas críticas à guerra, aos regimes políticos e o mais importante, à mentalidade das pessoas da época. É recheado de histórias surpreendentes, a maioria dos dez contos que compõe esta coletânea são reconhecidos tanto por sua qualidade crítica quanto por sua inventividade. Marcel Aymé, apesar de ser pouco conhecido mundialmente, é considerado um dos tesouros nacionais em seu país de origem, a França. Quem visita Paris pode encontrar um monumento em sua homenagem, na Praça Marcel-Aymé, no bairro Montmartre, há uma grande estátua do Passa-Paredes. 
    A estória que abre a coletânea é o conto que dá título ao livro, o primeiro contato com a escrita de Marcel Aymé, embora seu estilo seja bastante ágil, não é uma leitura rápida, parágrafos grandes  e extremamente detalhados requerem  atenção redobrada do leitor, mais do que contar uma história, o texto serve como espaço para o autor expor e discutir suas ideias, de modo que as sublinhas estão carregadas de críticas. Uma característica importante de Aymé é o tom irônico e tragicômico que imprime em seus contos, o ingrediente especial que os torna divertidos e palatavelmente agradáveis. Monsieur Dutilleul é O Passa-Paredes, um homem comum de meia idade que subitamente se vê portador de um dom fascinante: o de atravessar paredes. Seu primeiro reflexo é utilizar tal poder para fazer gozações com seus desafetos, porém quando o assombro passa, sua mente é iluminada pelo horizonte de infintas riquezas que este dom pode lhe proporcionar. É quando decide entrar no mundo do crime que suas trágicas aventuras se iniciam.
   As Sabinesé um conto extremamente divertido que narra as aventuras de uma jovem que  possuía a incrível habilidade de se multiplicar a seu bel-prazer. Imagine se você pudesse criar uma cópia exata de você mesmo para fazer todas aquelas atividades chatas e tediosas que todos enfrentamos diariamente. O tema central do conto é a identidade, a questão que Aymé propõe é sobre o que nos define: nossas experiências ou nosso íntimo? As Sabines se utiliza desta premissa fantástica para tecer uma trama inocente que cresce em um ritmo apocalíptico. Seu final é bom demais!
  O Cupom do Tempoé o meu favorito, em épocas de guerra o racionamento de comida é essencial para a sobrevivência de soldados e civis, uma das formas básicas de controle é através de cupons mensais de cotas, dependendo de sua ocupação e posição social essa cota seria maior ou menor. Mas imagine que comida não fosse o problema, mas sim o tempo! Os cupons não fariam mais referência a rações, mas a dias de vida. Mas como isso funcionaria? Aí é que reside a genialidade do conto! Pouco depois da metade há uma grande reviravolta na trama e a história fica ainda mais interessante.
   O Decretoé sobre importância que os decretos dos governantes têm na vida das pessoas comuns. Uma guerra consome mais do que recursos de um país, consome seu povo, mas como dar fim a uma contenda no qual nenhum dos dois lados quer dar o braço a torcer? Simples, e se o mundo todo avançasse anos no futuro até um momento no qual a guerra já tivesse acabado? Para isso não seria preciso nada tão tecnológico como uma máquina do tempo, mas sim um simples decreto. O Provérbioé uma crítica tão carregada de ironia aos comandantes militares que chega a ser indecente de explícita. No conto um pai decide ensinar a lição de casa a seu filho, mesmo não sabendo as respostas, insiste que aquilo que diz é o certo, afinal ele nunca está errado. Esses dois contos  prezam mais pela discussão teórica e crítica que propriamente pela evolução da história, de modo que se você não conhece ou tem interesse no contexto da época, não vai se sentir animado com os diálogos. 
  Lenda Poldava é uma estória carregada de humor negro ácido, deste conto em diante o autor coloca a fantasia em segundo plano para que o realismo fantástico emerja, como um artifício para dar mais verossimilhança às suas críticas. No conto uma senhora vive  baseada em sua fé com uma retidão impecável, ao mesmo tempo que seu sobrinho dedica sua vida a perversões e atos indecentes, imagine sua surpresa ao morrer e chegar às portas do céu e descobrir-se barrada na fila, enquanto seu sobrinho, que morreu na guerra, conquistou o direito de entrar sem nenhum julgamento. Uma ótima crítica a meritocracia.
  O Cobrador de Esposasé um conto que adquire tons de fábula ao mesclar uma crítica direta aos representantes civis a sua ganância em sempre querer tirar o máximo de seu público. Gauthier-Lenoir é um cobrador  de impostos que mesmo em tempos magros de guerra executa seu trabalho com estoicismo impecável, chegando ao cúmulo de enviar um aviso de atraso de pagamento pelo correio para si próprio. Essa ocupação lhe traz a rejeição de seus iguais e o ambiente já sufocante de conflito aos poucos destrói os últimos fios de sanidade de sua frágil mente. As Botas de SeteLéguas reconta clássica história de O Pequeno Polegar nos tempos de guerra. Enquanto O Oficial de Justiça narra a história de um homem inescrupuloso que ao morrer e ser julgado por seus feitos na Terra descobre que seu destino é o Inferno, seu pedido de uma nova chance para fazer as coisas certas desta vez é atendido. Mais uma vez o humor de Marcel Aymé torna a conclusão inesquecível. E por fim, Esperandoé um conto que se passa numa fila no qual os personagens narram suas desventuras na grande guerra, que durou de 1939-1972.
   Marcel Aymé tem um estilo próprio de narração, que a princípio causa uma sensação de estranhamento, parágrafos grandes e descritivos com poucos diálogos não perfazem uma  leitura fácil ou rápida, mas conseguem ser efetivos nas suas exposições de ideias. O autor utiliza muito bem a ficção para tecer críticas a  Segunda Guerra Mundial e o papel desempenhado pelo franceses dentro da mesma. Se você gosta de uma leitura desafiante que entretenha e ao mesmo tempo faça pensar, O Passa-Paredes é um prato cheio. 

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠(9/10 Caveiras)

Notícias: A Fábrica de Pesadelos e Assombrações

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   Essa semana conheça alguns dos principais lançamentos do mês de agosto: um romance apocalíptico sobre aranhas carnívoras e outro sobre uma epidemia mortal de insônia, a biografia do casal brasileiro de caça-fantasmas, a nova trilogia do universo expandido de Alien e o controverso Fábrica de Vespas.


A Colônia de Ezekiel Boone
   Essa semana chega às livrarias o aguardado romance apocalíptico de aranhas carnívoras: A Colônia de Ezekiel Boone, com a diferença de pouco mais de um mês do lançamento original nos Estados Unidos é uma das grandes apostas da Suma de Letras para este segundo semestre. O livro está recebendo boas reviews internacionais.

Sinopse:
Nas profundezas de uma floresta no Peru, uma massa negra devora um turista americano. Em Mineápolis, nos Estados Unidos, um agente do FBI descobre algo terrível ao investigar a queda de um avião. Na Índia, estranhos padrões sísmicos assustam pesquisadores em um laboratório. Na China, o governo deixa uma bomba nuclear cair “acidentalmente” no próprio território. Enquanto todo tipo de incidente bizarro assola o planeta, um pacote misterioso chega em um laboratório em Washington... E algo está tentando escapar dele. O mundo está à beira de um desastre apocalíptico. Uma espécie ancestral, há muito adormecida, finalmente despertou. E a humanidade pode estar com os dias contados.


Caça-Fantasmas Brasileiros 

  Seguindo o sucesso dos livros de não-ficção sobrenaturais, a editora Planeta irá lançar este mês: Caça-Fantasmas Brasileiros, livro que trará relatos dos casos mais famosos da dupla de investigadores paranormais nacional,  Rosa Maria Jaques e João Tocchetto de Oliveira.

Sinopse:
   “Eu sou paranormal, caçadora de fantasmas e a Morte, assim mesmo, com inicial maiúscula, é minha melhor amiga. Meu nome é Rosa Maria Jaques.” Dos mortos no massacre do Carandiru ao estilista e polemista Clodovil, são muitos os fantasmas que se comunicam com Rosa – e encontram a paz graças a suas palavras e orientação. Na companhia de seu marido, João Tocchetto de Oliveira, ela viaja o Brasil com a missão de resolver histórias de assombrações. Desde 1996 os dois são conhecidos como os caça-fantasmas brasileiros e solucionam casos sobrenaturais, sejam eles com entidades mal resolvidas, espíritos ou fantasmas. “Sempre seguindo nosso lema: respeito ao sobrenatural, sem julgar nem afrontar.” A dupla já contabiliza mais de seiscentos casos resolvidos e documentados. Neste livro, narram os principais. São histórias em manicômios, hospitais, cadeias, escolas e cemitérios, seja num casarão do bairro do Bixiga em São Paulo ou num presídio abandonado no Rio Grande do Sul.


 Fábrica de Vespas

“Uma história excepcional de horror gótico, macabra, bizarra e impossível de largar. [...] leitura formidável.”
— FINANCIAL TIMES —

“Iain Banks criou um dos mais brilhantes romances de estreia que li em um bom tempo. Seu estudo de uma personalidade obssessiva é extraordinário, escrito com impressionante clareza e atenção aos detalhes. Só podemos admirar este romance verdadeiramente notável.”
— DAILY TELEGRAPH —

Sinopse:
   Frank – um garoto de 16 anos bastante incomum – vive com seu pai em um vilarejo afastado, em uma ilha escocesa. A vida deles, para dizer o mínimo, não é nada convencional. A mãe de Frank os abandonou anos atrás; Eric, seu irmão mais velho, está confinado em um hospital psiquiátrico; e seu pai é um excêntrico sem tamanho. Para aliviar suas angústias e frustrações, Frank começa a praticar estranhos atos de violência, criando bizarros rituais diários onde encontra algum alívio e consolo. Suas únicas tentativas de contato com o mundo exterior são Jamie, seu amigo anão, com quem bebe no pub local, e os animais que persegue ao redor da ilha.
   Abandonado à própria sorte para observar a natureza e inventar sua própria teologia – a maneira do Robinson Crusoé de Daniel Defoe –, Frank desconhece a escola e o serviço social, já que seu pai acredita na educação “natural”, recomendada pelo filósofo do século XVIII Jean-Jacques Rousseau e apresentada em seu romance Emílio, ou Da Educação (1762), que sugere que as crianças devem crescer entre as belezas da natureza, permitindo que elas se deleitem com a flora e a fauna. A natureza humana seria boa a princípio, mas corrompida pela civilização. Quando descobre que Eric fugiu do hospital, Frank tem que preparar o terreno para o inevitável retorno de seu irmão – um acontecimento que implode os mistérios do passado e vai mudar a vida de Frank por completo.
   Narrado em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Frank, a estreia literária do autor escocês Iain Banks polarizou a crítica e os leitores quando foi publicada pela primeira vez, em 1984. Sua obra foi tão aclamada quanto criticada, devido à sua macabra descrição da violência. Livro que evoca tanto O Senhor das Moscas (1954) como o Precisamos Falar sobre Kevin (2003), FÁBRICA DE VESPAS consegue produzir um olhar ao mesmo tempo bizarro, imaginativo, perturbador e repleto de humor negro do que se passa dentro da mente de uma criança psicopata.


Alien: Surgido das Sombras
Alien: Surgido das Sombras é o primeiro livro de uma trilogia que expandirá o universo da saga Alien, sua estória se passa entre os dois primeiros filmes.

Sinopse:
   Chris Hooper, quando criança, sonhava com monstros. Mais tarde, ele percebeu que monstros não moram apenas nos sonhos infantis. Trabalhando numa mineradora, no planeta LV178, Chris e sua equipe encontram no solo um ninho de Xenomorfos, mas o que Chris ainda não sabia é que essa viagem se tornaria o seu pior pesadelo. Com a participação de Ellen Ripley, essa nova aventura promete ser surpreendente e revelar uma história até então desconhecida. Resgatando todo o clima de terror e suspense que fez sucesso nos filmes, Alien: surgido das sombras é o primeiro livro da trilogia que promete trazer de volta monstros terríveis, naves espaciais, androides e uma das maiores heroínas que conquistou toda uma geração.

Fonte: Leya

Doadores de Sono de Karen Russell

Sinopse:
   Uma epidemia assola os Estados Unidos. Milhares de pessoas perdem a capacidade de dormir. Conheça a Corpo do Sono, uma organização que persuade sonhadores saudáveis a fazer doações para os insones. Sob o comando dos enigmáticos irmãos Storch, o alcance da Corpo do Sono só cresce, e ela já está presente nas principais cidades americanas. Trish Edgewater, cuja irmã, Dori, foi uma das primeiras vítimas da insônia letal, há sete anos recruta doadores para a organização. Mas sua crença na empresa e nas próprias motivações começa a vacilar quando ela é confrontada com a Bebê A, a primeira doadora universal, e com o misterioso e maligno Doador Q.

Fonte: Record

Notícias: A Biblioteca de Livros Raros de Stephen King

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   Nesta semana: A nova coleção brasileira de livros raros de Stephen King. Atualização sobre o estado de futuros lançamentos como A Head Full of Ghosts de Paul Tremblay, The Fireman de Joe Hill e A Cidade dos Espelhos de Justin Cronin. E William Peter Blatty na Darkside? 


Nova edição de Cujo de Stephen King
  A Suma de Letras finalmente anunciou seus planos para os relançamentos das obras raras de Stephen King, eis que surgirá uma nova coleção chamada Biblioteca Stephen King, cujo primeiro volume será nada menos que "Cujo", o famoso cão raivoso. Lembrando que a Incendiária é outro livro que já está garantido nesta coleção. Por enquanto nenhuma informação sobre obras como Trocas Macabras, Depois da Meia-Noite ou Os Estranhos. Além de apresentar uma capa minimalista, o novo modelo de diagramação contará com edições em capa dura e alguns extras especiais, segundo a carta enviada aos blogs parceiros mês passado. Ainda não há uma data de lançamento para Cujo, mas como O Último Turno chega em outubro, o mesmo provavelmente deve acontecer entre meados de novembro e início de dezembro. 

A Head Full of Ghosts no Brasil?
  A notícia é antiga, mas ao que tudo indica a editora Bertrand Brasil irá publicar o tão esperado A Head Full of Ghosts de Paul Tremblay,   vencedor do Bram Stoker Awards na categoria de melhor romance em 2016. O anúncio foi feito em novembro do ano passado, quando o livro ainda estava começando a chamar a atenção dos leitores, no próprio blog da editora. Depois disso não houve mais nenhum comentário recente, a editora Record não tem o hábito de divulgar seus lançamentos, só o fazem quando a data está bem próxima, então pode ser que haja alguma surpresa neste segundo semestre.

The Fireman de Joe Hill e A Cidade dos Espelhos de Justin Cronin
   Como muitos fãs de Joe Hill sempre que posso pergunto na página da editora Arqueiro no facebook sobre o lançamento de The Fireman no Brasil, a última resposta que recebi foi uma simples negativa sobre não haver nenhuma data oficial, ou seja, a publicação deve ficar para o próximo ano. A provável aposta da editora para este segundo semestre é A Cidade dos Espelhos de Justin Cronin, último volume da trilogia A Passagem. No próprio facebook da editora foram publicadas várias imagens e vídeos falando sobre a publicação do mesmo neste segundo semestre. Aproveitando para lembrar que no lançamento de The Fireman, Joe Hill anunciou que seu novo livro, a ser lançado no próximo ano, será uma compilação de quatro novelas, no mesmo estilo de Quatro Estações de Stephen King, e se chamará  Strange Weather.

William Peter Blatty na Darkside? 
   A  Darkside Books é especialista em entrar na mente dos seus leitores através de seus anúncios misteriosos sobre possíveis lançamentos, o mais recente deles é sobre  William Peter Blatty e a afirmação que o autor encontrou sua casa.  O que nos faz imaginar: o que vem por aí? O Exorcista é uma obra que ficaria linda em uma edição da editora, porém em menos de 5 anos já tivemos duas edições diferentes, sendo que uma delas é a especial em comemoração aos 40 anos do filme. Recentemente também houve uma nova edição de  A Nona Configuração, mas vale lembrar que  ainda existem três obras inéditas do autor no Brasil:  Elsewhere, Dimiter e Crazy. Entre os livros esgotados encontram-se O Espírito do Mal, a continuação de Exorcista, cujas únicas edições disponíveis são da década de oitenta e O Exorcista: do Romance ao Filme, um livro praticamente desconhecido por sua raridade,  publicado em 1974 pela editora Nova Fronteira, que traz o roteiro, bastidores e fotos raras da adaptação para os cinemas. O que nos resta, é esperar por mais informações.

Indicações de Livros de Terror para Fobias Estranhas

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 A fobia, dentre todas as manifestações do medo, é a sensação mais esmagadora e paralisante de todas, seu poder reside na irracionalidade, objetos inanimados e situações banais que não oferecem perigo algum, ganham contornos macabros e se tornam fontes de extremo horror.  A lista a seguir compila livros de terror e suspense que possuem como tema central algum aspecto presente em um tipo de fobia, desde as mais comuns como o medo de palhaços, até as mais bizarras como o medo de andar...

Abissofobia [medo de abismos]
A Casa Sobre o Abismo de William Hope Hodgson

Ablepsifobia [medo de ficar cego]
Aerodromofobia  [medo de viagens aéreas]

Agrizoofobia [medo de animais selvagens]

Algofobia [medo de dor]

Amicofobia [medo de se coçar]

Coceira (Conto) de Everaldo Rodrigues

Amnesifobia [medo de perder a memória]
Antes de Dormir de S. J. Watson

Ambulofobia  [medo de andar]

Anemofobia  [medo de ventos]
Vento Negro de F Paul Wilson

Antropofobia [medo de pessoas]


Misery - Louca Obsessão de Stephen King

Apifobia [medo de abelhas]

Aracnofobia [medo de aranhas]
A Colonia de Ezekiel Boone

Astrofobia [medo de trovões e relâmpagos]

Autofobia [medo de si mesmo ou de ficar sozinho]

Automatonofobia [medo de bonecos do ventríloquos]


Um Passe de Mágica de William Goldman

Batracofobia [medo de anfíbios]
Dagon de H. P. Lovecraft

Calipsefobia [medo do apocalipse]
Dança da Morte de Stephen King

Carnofobia [medo de carne]


Pavor (Conto) de Clive Barker

Cinofobia [medo de cães]
Cujo, Cão Raivoso de Stephen King

Corofobia [medo de dançar]
Mas não se mata cavalo? de Horace McCoy

Cosmicofobia [medo de fenômenos cósmicos]
A Cor que Caiu do Céu de Lovecraft

Claustrofobia [medo de espaços confinados]

Coimetrofobia [medo de cemitérios]
O Cemitério de Stephen King

Coulrofobia [medo de palhaços]


A Coisa de Stephen King

Demonofobia [medo de demônios]

Dendrofobia [medo de árvores]

Florestranha de Christopher Golden

Distiquifobia [medo de acidentes]


Crash: Estranhos Prazeres de J. G. Ballard

Entomofobia [medo de insetos]

A Praga de Hefesto de Thomas Paige

Espectrofobia [medo de fantasmas ou espectros]
Os Mortos-Vivos de Peter Straub

Ginefobia [medo de mulheres]

Insanas... Elas Matam!

Hexacosioihexecontahexafobia [medo do número 666]
666- O Limiar do Inferno de Jay Anson

Homiclofobia [medo de neblina]
O Nevoeiro (Conto) de Stephen King

Iatrofobia [medo de ir ao médico]

Médico ou Semideus de Robin Cook

Lilapsofobia [medo de furacões]
Twister de Michael Crichton e Anne-Marie Martins

Mecanofobia [medo de máquinas]

Meteorofobia [medo de meteoros]

O Cometa de Robert Charles

Mirmecofobia [medo de formigas]
As Formigas vêm aí!  de Peter Tremayne

Motorfobia [medo de automóveis]

Christine de Stephen King

Murofobia [medo de ratos]

A Invasão dos Ratos de James Herbert

Oftalmofobia [medo de estar sendo vigiado]

Você está sendo Vigiado de Gregg Hurwitz

Pedofobia [medo das crianças]

Selachofobia [medo de tubarões]

Tubarão de Peter Benchley

Triscaidecafobia [medo do número 13]

Treze de Duda Falcão


Resenha: Evangelho de Sangue de Clive Barker

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"Às vezes eu os decapito
com punhais, adagas e facas
Às vezes eu os suspendo em meu quarto
com ganchos e cordas até estrangulá-los
E enquanto estão definhando
Eu cometo os pecados da carne."
Midnight Shadows Crawl to Darken Counsel with Life de Cradle Of Filth
(narração inicial de Doug "Pinhead" Bradley)

Sinopse:
   Evangelho de Sangue reconduz os leitores ao tempo marcado por dois de seus mais icônicos personagens – Harry D’Amour e Pinhead –, que conduzem a história em uma batalha entre o bem e o mal tão antiga quanto o tempo, onde o autor conecta a mitologia de Hellraiser ao Inferno bíblico.

From the Cradle to Enslave
  Na década de oitenta a literatura de terror explodiu no mainstream. Grandes nomes do gênero, que habitavam as profundezas abissais da literatura, começaram a perturbar a límpida superfície do mercado editorial com suas vísceras sangrentas, escritores como Stephen King, Peter Straub, Ramsey Campbell e F. Paul Wilson foram os grandes responsáveis pela safra de pesadelos de toda uma geração. Um nome em especial conseguiu incendiar as estantes com seu estilo ortodoxo, misturando um talento prodigioso com uma imaginação infernal, imprimiu seu caminho até o topo em sangue e deixou a todos embasbacados com suas criações. Seu nome era Clive Barker e o mundo do horror se ajoelhou para receber seu evangelho. Stephen King lhe presentou com a famosa frase: "eu vi o futuro do horror, e seu nome é Clive Barker",  o que é basicamente como o fogo atestar que você é a coisa mais quente do pedaço. Seria forçado dizer que Clive Barker ultrapassou os limites da época, porque sua escrita jamais conheceu limites, cada novo trabalho era um passo em direção a uma nova definição do conceito do que era assustador.
  O horror ganhou uma nova dimensão através das páginas de Hellraiser - Renascido do Inferno, história que sacramentou seu posto entre os grandes nomes do gênero e trouxe para a Terra os assustadores agentes do inferno conhecidos como Cenobitas.  Essas criaturas habitam um plano existencial diferente do nosso, seus corpos são abominavelmente modificados por arames, pinos e pregos para que seus músculos e nervos fiquem eternamente expostos, em uma existência conspurcada pelo desespero, na qual os conceitos de dor e prazer se fundem em um néctar de lágrimas, sêmen e sangue. A chave para essa dimensão infernal está na resolução do enigma presente na Caixa de Lemarchand, A Configuração do Lamento, um dispositivo  manufaturado no séc. XVIII a pedido de um nobre obcecado por magia negra. Sua função inicial era servir como um portal para o inferno, mas acabou sendo a porta para algo infinitamente pior.  Hellraiser - Renascido do Inferno narra a busca de Frank Cotton por esta lenda, segundo os relatos aquele  que conseguir desvendar os segredos da caixa terá acesso a prazeres além da compreensão humana.
     Uma jornada difícil, os relatos são escassos e a veracidade dos mesmos é questionável, muitos foram escritos por mentes insanas e transtornadas, algumas anotações falam que a caixa passou séculos guardada no arquivo do Vaticano e então misteriosamente desapareceu,  mas todas são unanimes em revelar a identidade do seu último dono conhecido, o Marquês de Sade, que após desvendar seus mistérios escreveu 120 Dias em Sodoma narrando as experiências que advieram de tal ato. Hellraiser é um caso raro no qual a adaptação cinematográfica é uma extensão do livro na qual foi baseada, Clive Barker roteirizou e dirigiu o filme, que imortalizou a figura Pinhead, o cenobita com a cabeça cheia de pregos. O sucesso do filme foi tão grande engendrou várias continuações, tanto que não demorou muito para que os rumores de que ele estaria trabalhando em um novo livro, que concluiria a mitologia dos Cenobitas, se espalhassem. A confirmação oficial aconteceu no final da mesma década. Mas os anos 2000 foram tempos difíceis para o autor, uma extensa batalha contra  problemas de saúde fez com que o projeto fosse colocado em segundo plano. Foi em 2010 que Clive Barker surpreendeu os fãs ao anunciar que o primeiro manuscrito do livro estava terminado, mais de 1000 páginas de anotações e uma estória que passaria os três anos seguintes em um pesado processo de editoração. Até que finalmente o lançamento foi marcado para meados de 2015. Nascia assim o Evangelho de Sangue. 

No tears, please. It's a waste of good suffering

   Evangelho de Sangue se inicia com um dos prólogos mais insanos já escritos, uma overdose de visões chocantes embaladas numa refinada e  escatológica compilação de cenas que fertilizarão o solo da sua mente para uma bela safra de pesadelos. O último grupo de magos se reúne diante do túmulo de um antigo companheiro, para realizar um ritual necromântico, na esperança de que ele possa ajudá-los a enfrentar a provação que está porvir. Uma criatura infernal passou os últimos anos caçando minuciosamente todos os ocultistas do globo em busca de seus segredos, feitiços secretos e grimórios raros. Ele é o Sacerdote do Inferno, vulgarmente conhecido por Pinhead, mestre na arte de causar dor e com um conhecimento singular dos pontos mais sensíveis do corpo humano. Os cadáveres mutilados que deixou pelo caminho são suas obras de arte, frutos de técnicas inimagináveis de tortura, cujo horror estão impressos nos poros da pele. Desesperados os magos buscam uma saída, uma maneira de sobreviver ao encontro com o Sacerdote do Inferno e falham miseravelmente.
   Paralelamente, em outro plano de existência, o leitor é (re) apresentado ao detetive sobrenatural Harry D'Amour. Sua primeira aparição no conto A Última Ilusão, presente no sexto volume dos Livros de Sangue, o coloca como o clichê ambulante do detetive  noir perseguido por sua clientela, até que por uma armadilha do destino tropeça no  submundo ocultismo e tem sua existência completamente alterada pela experiência. Vinte anos após esses acontecimentos, Harry está parado no mesmo local onde tudo começou, imerso em nostalgia e embalado por lembranças, as boas e as más. Pouco resta do jovem e inocente investigador de outrora, os anos deixaram cicatrizes e a sabedoria chegou acompanhada das dores da idade. A estória começa quando o universo destes dois personagens são amarrados com vísceras e tripas enlameadas, durante uma investigação aparentemente "normal" Harry é confrontado pelos poderes do Sacerdote do Inferno, mas seus caminhos não se cruzaram ao acaso. A criatura está em uma jornada profana que o levará diretamente até o centro do Inferno, e o detetive tem um papel fundamental em seus planos.

Of Dark Blood and Fucking

    Evangelho de Sangue é uma mistura de suspense sobrenatural com fantasia permeado com cenas sangrentas e profanas, Clive Barker mergulha suas mãos nas vísceras pútridas de seu universo de personagens para conectar as cicatrizes de antigos pesadelos, estórias passadas, criando assim interseções de começos e fins. Sua escrita é bastante pesada, carregada de adjetivos macabros e cenas chocantes que fazem até o mais empedernido dos leitores de horror respirar fundo e engolir seco, na tentativa de digerir o que seus olhos leem. Como sempre, não indico Clive Barker aos que possuem estômago fraco ou se chocam com facilidade, nada do que você tenha lido antes consegue te preparar para o que é a real sensação de ler uma estória de Clive Barker, a excitação se mescla com a repulsão, uma curiosidade pegajosa e mórbida similar àquela que nos guia em direção a acidentes fatais. Clive Barker conhece como ninguém os recônditos mais sombrios da alma humana, em especial aquele pedaço animalesco que saliva com o cheiro de sangue.   
  A pergunta que todo o leitor que ainda não teve nenhum contato com a escrita de Clive Barker faz é: posso ler Evangelho de Sangue sem ter lido Hellraiser - Renascido do Inferno? Minha resposta como fã de horror é um grande não, grande parte do apelo do livro está na nostalgia, sua experiência não será completa sem ao menos ter lido a clássica novela ou assistido a pelo menos os três primeiros filmes da saga Pinhead, embora nenhuma dessas obras tenha relação direta com Evangelho de Sangue, é interessante conhecer os detalhes da mitologia, pois Clive Barker oficializa muitos dos "mitos" do universo cinematográfico, assim como exorciza conceitos que não lhe agradaram, já que sua participação criativa deu-se apenas nos primeiros filmes. Um exemplo é o nome Pinhead, Cabeça de Prego, ao qual sempre odiou, em Evangelho de Sangue finalmente pode exteriorizar isso através da fúria do personagem que prefere ser chamado simplesmente de Sacerdote do Inferno.
   Em Evangelho de Sangue a mitologia cenobita é mesclada com a demonologia cristã, de modo que a origem e funcionamento da Ordem de Gash finalmente são revelados, os protagonistas são transportados literalmente para o Inferno, com descrições poéticas e viscerais de sofrimentos além da imaginação, Clive Barker cria um ambiente poderoso, muito similar ao que se apresenta no seu jogo, Jericho. A edição da Darkside Books como sempre é assombrosamente luxuriante, com cada pequeno detalhe imaginado para dar um orgasmo tátil e visual para o fã de horror. A capa é um espetáculo a parte, para quem gosta de ler em ônibus é perfeita para garantir que o banco ao lado sempre fique vazio, adicione a isso um olhar maligno e uma bolha de tranquilidade se formará ao seu redor, mesmo em meio a uma multidão. Como o livro é fruto de um manuscrito gigantesco, senti que muitas partes foram cortadas, cenas sangrentas que não adicionariam em nada para a trama, mas que mesmo assim atiçam a curiosidade do leitor voraz por sangue. Se você é fã de Clive Barker vai encontrar em Evangelho de Sangue o acalento que há muito buscava.

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

Resenha: O Mágico de Sol Stein

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"É quase impossível não se deixar arrebatar imediatamente pelo enredo."
The New York Times

"Um golpe violento que não será facilmente esquecido... um livro de ritmo atordoante, incisivo, feroz, inteligente e dramático." 
Library Journal

Sinopse:
  Ed Japhet é um jovem de 16 anos com um hobby todo especial: ele gosta de fazer mágicas, tem extraordinária queda para seguir a carreira profissional de mágico, graças à sua habilidade torna-se extremamente popular entre os colegas. Exatamente depois de Ed realizou um magnífico show, durante uma festa no seu colégio, ele sofreu uma agressão selvagem de um colega de classe, um tipo psicótico, líder de uma turma de delinquentes que mantém os alunos sob um clima de terror constante...

Sinopse:
    Existe um tipo de livro que é extremamente perigoso, cuja escrita é insidiosa e ágil, ao mesmo tempo em que facilita a leitura, torna o virar das páginas um vício. O leitor se vê escravizado por sua estória, anestesiado pelo pensamento de que lerá apenas mais um capítulo, atravessa noites inteiras na ânsia de chegar ao fim, seu corpo não conhece exaustão até chegar à última linha, quando no momento em que o esperado final feliz deveria chegar, acontece algo inesperado. Uma conclusão que é como um soco direto no cérebro que atrapalha toda a linha de raciocínio do leitor, fazendo com que o mesmo não tenha nenhuma reação a não ser um balbuciar desconexo, na tentativa de organizar os pensamentos e deglutir as palavras lidas. Esse é um evento extremamente raro de se acontecer, principalmente por literatura se tratar de algo pessoal, a faísca que incita essas emoções é única para cada um. Para mim, O Mágico de Sol Stein foi direto a este ponto.
  O Mágico não é um livro espetacular ou aquele tipo obra arrebatadora que ganha a atenção dos críticos e se torna um sucesso nos cinemas, na verdade não é nem um livro inesquecível, tanto que provavelmente você nunca ouviu falar nele ou em seu autor,  mas é o tipo de livro que me lembrar cada vez que encontro uma estória de ritmo similar o porque de eu ser um leitor,  tocando diretamente no cerne onde jaz o prazer pela leitura. É um livro rápido, o devorei em apenas um dia, com um final típico dos livros de suspense dos anos setenta: na última página um plot twist que explode cabeças. Alguns leitores acham essa sensação maravilhosa, ser surpreendido e ficar embasbacado com as implicações que o ponto final suscita, enquanto outros a odeiam com todas suas forças, já que destrói toda a expectativa de um final hermeticamente fechado. A literatura nos conforta porque ler sobre finais felizes faz com que acreditemos que nossa vida pode ter um final feliz, se algum autor mostra a realidade nua e crua, ou no caso das obras de horror se nega a revelar a fonte do sobrenatural em sua história, ele é criticado e crucificado sem misericórdia. 
   Existe uma espécie de linha narrativa comum a todos os livros de suspense, geralmente seu foco é na ação da perseguição, há um mocinho e um vilão, crimes são cometidos e após uma busca frenética o protagonista consegue capturar sua nêmesis no exato momento em que a força policial entra em cena para dar apoio. O leitor então é transportado para um epílogo, que se passa meses depois e mostra o mocinho feliz seguindo com sua vida, enquanto o vilão apodrece atrás das grades. Porém a verdadeira batalha entre os dois lados não é mostrada, é no tribunal que todos os atos serão examinados microscopicamente e julgados. Sol Stein começa seu livro com o que normalmente seria o clímax da história, no baile de formatura da escola um garoto recebe a atenção de todos ao realizar um truque de mágica, de quebra consegue envergonhar o valentão da escola o fazendo passar por um covarde. Eis então que após a festa ele é brutalmente atacado pelo grupo dos valentões e o que se segue é uma verdadeira guerra, que ocorre dentro de um tribunal de justiça, cujas armas são as palavras pomposas e difíceis de advogados engravatados. 
    Sol Stein destrói a fronteira existente entre vilão e mocinho, através de um embate de ideias entre advogados, que manipulam as vítimas e o código penal para conseguir o resultado favorável. A narrativa é construída de um modo que a tensão cresce a cada centímetro da lei dobrado, chegando a um nível psicológico tão pesado que em determinados momentos o leitor é forçado a repensar seu posicionamento. Diferentemente de um thriller jurídico, o foco da estória não são as leis, mas sim o posicionamento das pessoas perante as mesmas. O destaque especial vai para a tradução característica dos anos setenta, repleta de termos nostálgicos para aqueles que "cresceram" lendo as edições antigas dos livros de Stephen King. Se você gosta do estilo de escrita da época, extravagante, seco e abrupto, encontrará em O Mágico uma leitura interessante para um final de semana, é o tipo de livro cuja história só funciona na primeira leitura, então se encontrar ele perdido na estante de alguma biblioteca, assim como eu encontrei, não deixe de emprestá-lo

Nota:☠☠☠☠☠☠☠☠☠(9/10 Caveiras)


As 10 Crianças Mais Assustadoras dos Livros de Terror

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 Geralmente o vilão de um livro de terror é uma figura que inspira medo, como um monstro horripilante cuja simples visão faz seus olhos saltarem das órbitas, ou ainda um assassino coberto de sangue usando uma máscara macabra. Mas às vezes o horror jaz na inocência. Ninguém vai suspeitar que aquele garotinho com lágrimas nos olhos,  único sobrevivente do misterioso massacre de sua família, é o verdadeiro autor do crime. Nem imaginar que por trás do sorriso simpático e comportado daquela garotinha, se esconde um instinto assassino e uma profana sede por sangue. Baseado em todos os livros que li até o momento, protagonizados por vilões infantis ou adolescentes, criei uma lista com os dez personagens mais assustadores e cruéis de livros de terror, ainda há muitos livros sobre o tema que planejo ler, mas por enquanto...


A Fúria Cega de John Saul
   Em A Fúria Cega, John Saul apresenta uma clássica história de fantasmas e vingança, após sofrer com a perseguição de seus colegas na escola, a tímida e recatada Amanda, sofreu uma morte trágica e misteriosa . Anos depois, uma família muda-se para sua antiga casa, e a filha do casal descobre uma velha boneca de pano a quem chama de Amanda. A angústia do leitor começa a partir do momento em que garota começa a ouvir os conselhos de sua nova "amiga", são brincadeiras exóticas que irão fazer com que aquelas crianças que fazem gozação por ela por ser nova na cidade, se calem para sempre.


Menina Má de William March
   Rhoda Penmark é a filha dos sonhos de todos os pais, inteligente e educada, impressiona a todos os adultos com que entra em contato por sua postura adulta e ponderada. O que poucos sabem é que por trás daquele olhar inocente existe um monstro sanguinário, que mesmo aqueles que convivem diariamente com ela não conseguem enxergar. O horror começa quando sua mãe tem um vislumbre da criatura que jaz por trás daquele sorriso simpático, e inicia sua batalha para entender o que há de errado com sua filha.


Melodia do mal de John Ajvide Lindqvist
   Theres foi encontrada ainda bebê em meio à neve e criada secretamente por um casal de idosos. Suas experiências durante a infância foram escassas, trancada em um porão sem janelas ou acesso à luz do sol, acreditava que as "pessoas grandes" queriam comê-la e para evitar isso deveria sempre viver escondida, sua proteção se resumia a apenas aquele estranho casal de velhinhos, extremamente econômicos na demonstração de sentimentos e emoções. John Ajvide Lindqvist constrói um suspense magistral imerso em um horror psicológico sufocante, a primeira manifestação explícita da violência de Theres é um poderoso soco direto no estômago do leitor, não há para se preparar para aquele momento, que é apenas a abertura do Show de Horrores de Theres. Não perca a atração principal. 

Spider de Patrick McGrath
  Spider traz a história de um homem atormentado por lembranças de sua adolescência. Desde o início o leitor é confrontado por uma narrativa irregular, é possível experimentar a loucura e o desespero do narrador na sua busca por reunir os fragmentos de memórias, para determinar o que realmente aconteceu. Tudo parece confluir para dois momentos traumáticos: o assassinato de sua mãe e a chegada da prostituta que veio viver com seu pai. Isso é tudo o que você precisa saber para adentrar o labirinto da mente de Spider, caminhe com cuidado e preste muita atenção às interseções, pois a descoberta que lhe aguarda no final é tão angustiante que vai quebrar algo dentro de você.

O Exorcista de William Peter Blatty
  Não há como pensar em crianças assustadoras sem lembrar-se de Regan MacNeil amarrada em sua cama, gritando obscenidades para os padres exorcistas, apesar de seus atos estarem sendo influenciados por um demônio, o quadro geral apresentado no livro é extremamente assustador. 


Demon de C. Terry Cline Jr.
  Demon (Damon no original) é um garoto de quatro anos que demonstra uma personalidade adulta, altamente violenta e selvagemente sexual, que confunde médicos e especialistas, deixando seus pais suspensos entre a crença em uma doença mental e possessão demoníaca. C. Terry Cline Jr. não poupa os leitores das descrições da violência e atrocidades cometidas pelo menino. Se você é o tipo de pessoa que se impressiona fácil fique longe deste livro.


A Profecia de David Seltzer
   A Profecia é outro clássico que imortalizou a figura de uma criança assustadora, embora neste primeiro volume, Damien ainda não conheça sua verdadeira origem, a força sombria que o cerca e os "acidentes" que acontecem a aqueles que descobrem seu segredo, são o suficiente para arrepiar o leitor.


Represália de F. Paul Wilson
  Após o dramático final de Renascido, o fantástico Ciclo do Inimigo de F. Paul Wilson sofreu uma grande reviravolta, o Inimigo finalmente atravessou o abismo que separava a dimensão infernal em que estava aprisionado, para o nosso mundo e adquiriu um corpo de carne e osso. Algumas das melhores cenas de Represália são as que mostram o crescimento desta "criança recipiente", evocando um ambiente angustiante e desesperador. 


Fábrica de Vespas de Iain Banks
   Frank é um jovem que vive isolado em uma ilha com seu pai, como forma de aliviar a angústia de uma vida difícil e solitária, ele cria pequenos ritos diários que envolvem atos bizarros de violência, crueldade e profanação. O mais perturbador de Fábrica de Vespas é a forma banal que o protagonista encara a violência, o olhar desinteressado sobre a dor e o prazer nos métodos de causá-la, impregnam a mente do leitor como uma mancha negra, deixando seu cérebro tão anestesiado cenas de crueldade, que chega um momento em que o mesmo já não é mais capaz de distinguir o que é violência e o que não é. Para completar o pacote, quando você menos espera é nocauteado por um final que te faz sentir como se seu cérebro tivesse sido arrancado de dentro da cabeça e batido dentro de um liquidificador.

O Cemitério de Stephen King
  Quase oito anos desde a primeira leitura de O Cemitério e nenhum livro desde então conseguiu causar em mim a mesma sensação de desespero que aquele clímax envolvendo Gage Creed. Para esse livro funcionar direito contigo, você precisa embarcar na história sem saber nada. Então simplesmente pare o que estiver fazendo e vá ler!

  É muito provável que esta lista cresça ou mude daqui alguns anos, há ainda muitos bons livros na minha lista de leitura, entre eles: Precisamos Falar Sobre o Kevin de Lionel Shriver, Dezenove Minutos de Jodi Picoult, Quando os Adams Saíram de Férias de Mendal W. Johnson, Os Gêmeos de Thomas Tryon, O Anjo Mau de Taylor Caldwell e Os Meninos de Juan Jose Plans, só para citar alguns. E para você? Quais são as crianças mais assustadoras da literatura?

Ed & Lorraine Warren: Demonologistas de Gerald Brittle

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"Perdoe-me Pai, eu pequei
A escuridão colocou suas garras em mim novamente"
Forgive Me Father (I Have Sinned) de Cradle of Filth

“É o livro mais assustador que eu já li.”
— JAMES WAN (DIRETOR DE INVOCAÇÃO DO MAL) —

Sinopse:
  Eles enfrentaram os mistérios mais sinistros dos últimos sessenta anos, sempre em busca da verdade. Agora é a sua vez de entrar em contato com o sobrenatural. Você tem coragem? Então leia Ed & Lorraine Warren: Demonologistas, a biografia definitiva dos mais famosos investigadores paranormais do nosso plano astral. 

Opinião:
   O sobrenatural é um tema que divide a opinião das pessoas, há sempre aqueles que dizem não acreditar "nessas coisas", isso é claro, se no momento da pergunta estiverem envoltos pela luz do sol e cercados por outras pessoas; há aqueles que não assumem uma posição concreta, permanecendo em um limbo agnóstico e invocando a proteção de sua religião; e por fim, aqueles que dizem acreditar no oculto, geralmente o tipo de pessoa que é tida como "estranha" ou "desajustada" pela sociedade, a qual ninguém ficaria muito surpreso se acabasse seus dias preso em uma sala acolchoada ou berrando insanidades sobre o fim do mundo em meio a uma praça pública. O interessante é que o véu que separa cada um destes estereótipos é tão fino que muitas vezes o que difere um do outro, são detalhes insignificantes. O fato é, acreditando ou não "nessas coisas", todo mundo possui ao menos uma história de contato com o sobrenatural para contar, seja a de um conhecido que se viu frente a frente com uma assombração ou até mesmo uma experiência pessoal inexplicável. O sobrenatural está ao nosso redor, senão literalmente, metaforicamente, através da cultura popular. 
  No final da década de sessenta e início dos anos setenta, o ocultismo se tornou um tema popular  na literatura de horror, obras como O Bebê de Rosemary de Ira Levin, O Exorcista de William Peter Blatty e Amityville de Jay Anson despertaram a curiosidade das pessoas para o sobrenatural.  Nessa mesma época, enquanto o cinema explorava histórias "baseadas em fatos reais" e as primeiras bandas de  heavy metal gritavam o nome de Satã,  relatos de pessoas que entraram em contato com aparições, casas assombradas e possessões tornaram-se cada vez mais comuns. O tema estava tão em alta que jornais estampavam manchetes sensacionalistas e para não ficar atrás na audiência, a televisão também dedicava horas de sua programação na dissecação do sobrenatural, especialistas, teólogos, cientistas e vítimas eram convidados aos programas de auditório para debater sobre o tema. Entre os especialistas mais famosos estava o casal Warren, por anos eles enfrentaram o sobrenatural de forma anônima, até que sua participação no caso de Amityville, os tornou conhecidos no mundo inteiro. 
   Ed e Lorraine Warren: Demonologistas é a biografia que narra a trajetória deste casal, desde suas primeiras experiências com o sobrenatural, atravessando seus principais e mais difíceis casos, até o início dos anos oitenta, época em que o livro foi publicado. A finalidade da obra não é assustar, mas sim trazer informação sobre os perigos que nos espreitam na escuridão, embora muitas passagens sejam tão tensas que conseguem te deixar completamente arrepiado e com a incômoda sensação de estar sendo observado, mesmo estando sozinho no aposento. O autor, Gerald Brittle, soube transpor as entrevistas para o papel de um modo didático e instigante, a forma como os casos foram abordados conquista nossa curiosidade desde a primeira página e como o próprio afirma em uma passagem: "a qualquer um que solicite provas de "verdadeiros casos de possessão" a Ed e Lorraine Warren é melhor munir-se de coragem o suficiente para permanecer sentado durante a reposta."
   A sensação durante a leitura é a de que você está em uma conversa informal com o casal Warren, ouvindo suas histórias de como desafiaram entidades a se manifestarem em casas assombradas, participaram de cerimônias de exorcismo e enfrentaram a fúria de aparições, sentado no museu do sobrenatural do casal, onde estão expostos centenas de objetos amaldiçoados e profanos, como a famosa boneca Annabelle. É uma leitura extremamente tensa, ao mesmo tempo em que curiosidade impulsiona a mente a devorar as páginas, o resquício de um sentido primitivo o previne das revelações que podem estar na linha seguinte, de qualquer modo é um livro que vai lhe dar uma nova perspectiva para encarar o sobrenatural, seja em notícias de jornais ou até mesmo em livros de ficção. Ed e Lorraine Warren explicam o passo a passo de como ocorre uma possessão, o que são fantasmas, como os espíritos podem se manifestar e o mais importante, como agir quando o demônio bater à sua porta, tudo contextualizado por meio de suas próprias experiências.
   Diferente das histórias de ficção, em Demonologistas, você não tem a luxúria de apaziguar seus pensamentos com a certeza absoluta de que aquilo que você está lendo não é real, de que tudo não passa da imaginação perturbada do autor, a dúvida será sua nova amante, quando você se deitar à noite e fechar os olhos para dormir, ela o beijará com seus lábios frios, lhe tirando a paz e o sono. Se você é fã do sobrenatural e tem coragem o suficiente para conhecer a verdade por trás de filmes como Invocação do Mal e Annabelle, definitivamente este livro é feito sob medida para você; agora se você tem medo da simples sugestão de que algo sobrenatural possa a vir acontecer com você algum dia, este livro também poderá lhe ser útil, como um informativo, dizem que a ignorância é uma benção, mas em casos como os citados neste livro, a ignorância é a chave para a condenação eterna.

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

Resenha: A Colônia de Ezekiel Boone

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Sinopse:
   Nas profundezas de uma floresta no Peru, uma massa negra devora um turista americano. Em Mineápolis, nos Estados Unidos, um agente do FBI descobre algo terrível ao investigar a queda de um avião. Na Índia, estranhos padrões sísmicos assustam pesquisadores em um laboratório. Na China, o governo deixa uma bomba nuclear cair “acidentalmente” no próprio território. Enquanto todo tipo de incidente bizarro assola o planeta, um pacote misterioso chega em um laboratório em Washington... E algo está tentando escapar dele. O mundo está à beira de um desastre apocalíptico. Uma espécie ancestral, há muito adormecida, finalmente despertou. E a humanidade pode estar com os dias contados.

Opinião:
  Hoje em dia, em nossa sociedade, o tempo é um artigo de luxo. As pessoas não dispõem mais de horas livres para sentar e assistir a um filme ou ler um livro com calma, cada segundo é cronometrado e o tempo para diversão é extremamente apertado, a escolha de ler um capítulo a mais ou ver outro episódio daquela série favorita à noite se reflete, no dia seguinte, em forma de atraso ou cansaço. A verdade é que para os leitores de hoje a agilidade é algo essencial, e para suprir essa necessidade acompanhamos o nascimento dos chamados "livros comerciais" ou "livros fast-food", obras com tramas rápidas e de digestão fácil. Livros que podem ser devorados em questão de horas e não exigem muita atenção durante a leitura, o tipo que você vê nas mãos de pessoas em filas de bancos, ônibus, metrô... Histórias que são tão fascinantes e imersivas quanto um filme, mas que assim como o mesmo começam a ficar borradas logo após os créditos finais, ou no caso as últimas páginas. Depois de uma semana você não consegue mais lembrar o nome dos protagonistas, após duas semanas algumas cenas ainda permanecem em sua memória e em um mês... A Colônia de Ezekiel Boone é um desses livros.
    O que não significa que seja uma obra ruim. Na verdade Ezekiel Boone conseguiu fazer algo incrível em seu primeiro livro, pegar um tema clichê dos livros e filmes de terror dos anos setenta, animais assassinos, e reinventá-lo para os dias atuais transformando-o em um pesadelo moderno, o "assustador aracnoapocalipse." Aranhas assassinas que devoram carne humana e ainda utilizam seu corpo como uma incubadora viva? Como uma premissa dessas pode não ser assustadora? Eu lhe digo como: a ambientação. A Colônia peca por possuir um enredo fraco e batido, a clássica história de ação que vem sendo reescrita por hollywood nas últimas décadas. O governo americano, com seus agentes e especialistas, correndo contra o tempo para deter uma ameça de escala global, que tanto pode ser terrorista, russa, zumbi, alienígena, no caso, insira como ameça "aranhas assassinas." O típico livro que já foi escrito pensando na adaptação cinematográfica, está tudo lá, até as cenas em 3D!
   A narrativa de Ezekiel Boone é viciante, consegue te seduzir logo nas primeiras páginas, é aquela estória em que você sabe o que acontecerá no final (são aranhas assassinas, cara) mas mesmo assim a  construção da tensão consegue te deixar preso até a conclusão. Mas aí jaz o grande problema do livro, as páginas voam tão rápido, você devora o livro com tanta voracidade, que ao chegar no final você não acredita no que lê. Primeiro você pensa que páginas estão faltando, não é possível que um autor construa uma trama com tanto cuidado para simplesmente cortar seu ápice! O livro acaba em seu melhor momento!  Então você descobre que na verdade o livro faz parte de uma trilogia.  Agora imagine se Tolkien tivesse publicado O Hobbit nos dias de hoje, não como um livro solo, mas seguindo a mesma fórmula de Peter Jackson nos cinemas, estendendo a narrativa apenas para conseguir fazer da história uma trilogia. Você acompanha Bilbo e os anões na busca pela montanha de Smaug e quando eles chegam lá, o livro simplesmente acaba. É essa a sensação que A Colônia passa. Como eu disse, não é livro ruim, tem todos os elementos que satisfazem o apetite dos fãs de terror, mas a conclusão falha ao entregar um produto de qualidade. Um único livro teria sido melhor.

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (8/10 Caveiras)

Resenha: Os Meninos de Juan Jose Plans

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Sinopse:
A Ilha de Tha, na costa da Espanha, é uma réplica do paraíso. Sol, mar, gaivotas, pescadores e paz. Malco, um escritor de contos infantis, conheceu-a há muitos anos, ainda menino. Agora resolve voltar, de férias, em companhia de Nona, sua mulher, grávida do terceiro filho. A ilha continua linda, com seu casario branco da arquitetura mediterrânea. O mesmo sol, o mesmo mar, a mesma paz. Mas alguma coisa estranha paira no ar. Onde estão os adultos?

Opinião:
   Crianças assassinas são um tema comum na literatura de terror, desde que William Peter Blatty mostrou que até uma jovem inocente não está livre das garras do mal, dezenas de obras se basearam na premissa da pureza infantil, ainda não maculada pela sociedade com os conceitos de bondade e maldade, fazendo uma ligação entre a ingenuidade e a selvageria. O diferencial dos livros está na própria justificativa das histórias, a violência pueril pode estar associada a um gene hereditário defeituoso, a influência de forças exteriores ou até mesmo a própria insanidade em seu estado mais puro e crú.
   Dentro deste contexto, Os Meninos de Juan José Plans não traz nenhuma novidade, adultos enfrentando crianças que, por algum motivo ainda não explicado (a justificativa do autor é ótima), se voltaram contra o "mundo adulto" assassinando qualquer um que já tivesse experimentado a puberdade. O diferencial do livro está na maneira como a estória é contada, o suspense no início é oferecido em doses homeopáticas, o horror não é explicitado logo de cara, são em pequenas cenas que você capta com a visão periférica, que os verdadeiros segredos da trama são revelados. Logo aquela premissa inicial que parecia tão simples, torna-se complexa, alcançando seu ápice logo na metade do livro e mantendo um ritmo ágil e furioso até as chocantes páginas finais. 
     A estória é protagonizada por Malco e Nona, um casal buscando reencontrar a paz dos primeiros dias de matrimônio, em uma viagem para o paraíso idílico das memórias de infância do marido, a ilha de Tha.  Porém o que encontram ao chegar lá é uma visão desoladora, as casas parecem ter sido abandonadas às pressas pelos moradores e os únicos sons de vida que ecoam pelo vilarejo abandonado, são risadas ao longe de crianças. Divididos entre a curiosidade e o medo o casal começa a explorar a ilha, o bônus da história é que Nona está grávida de sete meses, o que torna o processo ainda mais complicado. O que se segue é uma inexorável caminhada rumo a carnificina em uma conclusão que tem uma das cenas mais chocantes envolvendo o parto de uma criança.
     Os Meninos é um livro pequeno e a narrativa rápida e concisa de Juan José Plans faz com que a leitura seja deliciosamente ininterrupta, escrito um ano antes do conto As Crianças no Milharal de Stephen King, hoje é um livro praticamente desconhecido, apesar de seu texto ter envelhecido razoavelmente bem, seus personagens tornaram-se o típico casal clichê das histórias de terror dos anos setenta. A única edição nacional é da editora Artenova de 1976, que para variar conta com erros ortográficos ultrajantes. A história foi adaptada para o cinema no mesmo ano com o titulo ¿Quién puede matar a un niño? (Os Meninos) e em um remake de 2012, Come Out and Play (Brincadeiras de Criança). Se você procura uma leitura viciante e descompromissada, boa companhia para uma viagem ou uma tarde ensolarada, Os Meninos é a indicação perfeita para você.

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

Os Melhores Livros Pós-Apocalípticos

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  O mundo pode acabar de várias maneiras, desde que a humanidade aprendeu a registrar suas histórias na forma de escrita existem relatos sobre o final dos tempos, mostrando que o apocalipse é um tema que sempre nos fascinou. E ao longo dos anos, na literatura, os autores vem se superando ao imaginar destruições devastadoras, invasões de seres de outra dimensão e até mesmo grandes desastres ecológicos como arautos da nossa extinção. Mas e se as profecias religiosas e mitos estiverem errados? E se este desastre não acabar com a humanidade? E se restarem alguns poucos sobreviventes? Como eles viverão daqui para frente? Confira a seguir uma lista com os livros que tem as respostas mais interessantes e curiosas para essas perguntas.

A Praga Escarlate de Jack London (1912)
   Jack London escreve uma comovente fábula sobre os últimos estertores de uma sociedade dizimada pela peste, através das lembranças de um velho professor revisita o horror dos últimos dias, retratando com emoção todo o medo e desespero que embalaram o caos da destruição, além de mergulhar na selvageria que emergiu por entre os destroços da sociedade. É um livro pequeno, pode ser devorado em poucas horas, mas tão bem escrito, que suas ideias permanecem na mente muito tempo após a leitura. Emocionante, nostálgico e atemporal. 

Devastação ou A Volta a Natureza de René Barjavel (1943)
   Quando René Barjavel escreveu Devastação, em meados do século XX, sua imaginação previa que demoraria ao menos cem anos para que a eletricidade fosse um dos componentes básicos de todas as atividades humanas. Essa era sua visão mais pessimista. O seu apocalipse é bem simples: de repente toda a eletricidade acaba e as grandes máquinas tecnológicas criadas pelo homem tornam-se obsoletas. A verossimilhança do livro com os dias atuais é assustadora, se uma simples noite sem luz consegue nos tirar o sono, imagina então, se essa escuridão se estender dia após dia. 
   A deterioração dos serviços básicos é rápida, logo a comida começa a faltar, o dinheiro perde seu valor e com a fome e o desespero surge a selvageria. É assustador se pararmos para pensar no quanto da comida que consumimos diariamente é fruto de um processo industrializado. Devastação é um livro que dialoga tanto sobre a nossa dependência da tecnologia, como também sobre a forma como tratamos a natureza. 

Só a Terra Permanece de George Stewart (1949)
   E o mundo não acaba com um suspiro, mas sim com um espirro. Só a Terra Permanece é um dos poucos livros que consegue exprimir o verdadeiro sentimento presente na expressão "o fim do mundo", toda a solidão que advém da morte de todas as pessoas que você conhece ou a tristeza da descoberta diária de que cada um dos pequenos prazeres que a civilização nos proporciona acabaram-se para todo o sempre. George Stewart escreve com perfeição sobre a lenta decomposição de tudo aquilo que a nossa sociedade criou em pouco mais de dois mil anos de história, ao mesmo tempo em que acompanhamos o nascimento de uma nova cultura, cujo interesse em nossos feitos tem o mesmo desdém no olhar com o qual vemos hoje as pirâmides do Egito.

Eu sou a Lenda de Richard Matheson (1954)
   O clássico Eu sou a Lenda de Richard Matheson traz a assustadora estória de um homem em um mundo completamente habitado por vampiros. Mais uma vez o apocalipse cavalgou nas costas de um vírus mortal, a única diferença aqui é que as vítimas ao invés de continuarem mortas retornavam  à vida com sede de sangue.                              Leia aqui a resenha

Chung-Li A Agonia do Verde de John Cristopher (1956)
   Chung-Li A Agonia do Verde de John Cristopher explora uma das versões mais assustadoras do apocalipse: a morte da natureza. Um vírus extremamente contagioso ataca a família das gramíneas, que formam praticamente a base da alimentação de todos os animais terrestres, destruindo toda a cobertura verde do planeta. Os efeitos na cadeia alimentar são devastadores, regiões inteiras do globo perecem de fome, é então que o lado mais sombrio do homem acorda na ânsia de sobreviver a qualquer custo.                                       Leia a resenha aqui

Um Cântico para Leibowitz de Walter M. Miller, Jr. (1959)
    Mais uma vez a humanidade foi destruída por um holocausto nuclear, após a primeira bomba cair o inferno se abriu na Terra, aqueles que sobreviveram a primeira tribulação tiveram de enfrentar não apenas a aridez de um planeta estéril mas também seus próprios semelhantes degenerados, a violência emergiu com uma força brutal. No meio desse caos, uma pequena semente de iluminação luta para não ser destruída, a Ordem de São Leibowitz tomou para si o protagonismo de preservar o saber humano, para que quando a razão superasse a selvageria, o homem pudesse retomar os caminhos da ciência.                                           Leia aqui a resenha

As Crisálidas de John Wyndham (1965)
   A geografia dos Estados Unidos mudou drasticamente após um holocausto nuclear, onde antes haviam grandes cidades, hoje jaz um solo estéril e desértico, as áreas que sobraram foram maculadas pela radiação, vegetação e animais sofreram mutações estranhas, assim como os seres humanos. No meio dessa desolação os sobreviventes se organizaram em pequenas comunidades rurais, que retrocederam suas crenças para uma espécie de cristianismo fundamentalista, as mutações passaram a ser consideradas obras do diabo e aqueles que as apresentam são banidos para as terras estéreis. Em As Crisálidas, John Wyndham debate sobre os direitos humanos e o fanatismo religioso, como pano de fundo para as discussões, além do cenário desesperador e claustrofóbico, utiliza uma nova geração de crianças que, devido ao desenvolvimento em um meio ambiente radioativo, desenvolveram telepatia. 

Não tenho Boca e Preciso Gritar de Harlan Ellison (1967)
   Não tenho Boca e Preciso Gritar é um conto de Harlan Ellison, que pode ser encontrado no Brasil na coletânea Máquinas que Pensam, que é considerado uma das visões pós-apocalípticas mais assustadoras de todos os tempos. A humanidade conseguiu criar um supercomputador com inteligência artificial, porém a máquina, após descobrir que foi criada apenas com o propósito de servir como um escravo aos caprichos do homem, se rebelou. A humanidade foi completamente aniquilada, exceto um pequeno grupo de pessoas, que sofrem diariamente as torturas mais cruéis que a máquina pode imaginar. Não tenho Boca e Preciso Gritar é a brutal estória dessa vingança. 

A Dança da Morte de Stephen King (1978)
   A Dança da Morte é a obra de Stephen King que ao lado de It - A Coisa divide o primeiro lugar entre as listas de melhores obras do autor. É um grandioso épico sobre sobrevivência que explora as qualidades e defeitos do ser humano, através de personagens críveis e reais. Como você agiria perante o apocalipse? Após uma gripe matar 99% da humanidade, os escassos sobreviventes começam a se reunir em dois pólos diferentes. Um conflito mortal é inevitável.   

A Estrada de Cormac MacCarthy (2006)
   A Estrada é um dos livros mais perturbadores que  já li pelo simples motivo de que o mundo está tão ferrado que é difícil imaginar outro final para os protagonistas senão a morte, não há nenhuma esperança no horizonte, não há lugar para ir, não há escapatória. A narrativa de Cormac MacCarthy é exuberante e maravilhosa, parte da beleza da leitura surge do modo como a história é contada. É uma leitura inesquecível.                          Leia a resenha aqui

A Trilogia da Escuridão de Guillermo del Toro (2009)
   Os vampiros de Guillermo del Toro estão em uma zona perdida entre a ciência e o sobrenatural, após um avião pousar em New York carregando uma macabra carga, a semente da destruição é plantada e uma estranha doença se espalha entre a população. Ao longo da trilogia os cenários da devastação são maravilhosamente construídos, um destaque especial para a fazenda de seres humanos, gerenciada pelos vampiros, onde as pessoas são criadas como gado para alimentação.

A Passagem de Justin Cronin (2010)
   O apocalipse vampiro de Justin Cronin começa em uma floresta peruana, após um ataque de morcegos, um dos membros da equipe de pesquisadores morre e retorna à vida com uma estranha condição. Os cientistas logo tratam de tentar reproduzir esse efeito em outros seres humanos, doze prisioneiros são selecionados como cobaias para os testes. Eles conseguem, mas as criaturas são incontroláveis. Quando as paredes das celas provam não serem fortes o suficiente para mantê-los presos, não sobra uma gota de sangue para contar a história da queda da humanidade. A trilogia intercala a narrativa do próprio apocalipse com a dos descendentes dos sobreviventes, cem anos depois, que precisam lutar contra essas criaturas para assegurar a liberdade da raça humana.

Faca de Água de Paolo Bacigalupi (2015)
  Em Faca de Água o futuro é árido, após anos de excessos e uso descontrolado a água atingiu um nível de escassez alarmante, tornou-se um artigo de luxo, e grandes corporações batalham pelo direito de explorar nascentes e lagos. Paolo Bacigalupi cria uma narrativa assustadora e verossímil sobre um futuro próximo onde as mudanças climáticas cobraram seus juros da humanidade. Com a sede, o abismo social entre os ricos e pobres cresceu, enquanto nas ruas pessoas morrem por poucos mililitros de água, nos hotéis de luxo o desperdício continua a todo vapor. É o tipo de livro  que deveria ser de leitura obrigatória.

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