“Um livro excelente. Esse cruzeiro veio direto do inferno.” – Stephen King
Sinopse:
Em O Quarto Dia, Sarah Lotz conduz o leitor por uma viagem de réveillon que tinha tudo para ser perfeita. Mas às vezes o novo ano reserva surpresas desagradáveis... Janeiro de 2017. Após cinco dias desaparecido, o navio O Belo Sonhador é encontrado à deriva no golfo do México. Poderia ser só mais um caso de falha de comunicação e pane mecânica... se não fosse por um detalhe: não há uma pessoa viva sequer no cruzeiro.
A história da navegação moderna está cheia de misteriosos desaparecimentos de embarcações e tripulações, relatos de navios fantasmas e de localizações amaldiçoadas, entre os mais famosos está o caso do Mary Celeste, uma pequena embarcação à vela, que foi encontrada completamente vazia à deriva no mar, uma investigação apontou que o barco parecia ter sido abandonado às pressas, embora não houvesse qualquer evidência de violência e os pertences pessoais de passageiros estivessem intocados, o mistério aumentou ainda mais com a descoberta do estoque de comida e água fresca praticamente incólume. Outro relato perturbador é o da escuna inglesa Jenny, seu desaparecimento ficou sem respostas por 17 anos até que um baleeiro encontrou seus restos congelados em uma barreira de gelo, os corpos dos sete tripulantes foram encontrados totalmente preservados pelo frio, porém o que mais chamou a atenção foi à última e desesperada anotação do capitão: "4 de Maio de 1823: Sem comida há 71 dias. Sou o único que resta vivo". Um dos relatos mais recentes é o do "iate fantasma" encontrado em 2007 na Costa Norte da Austrália, a embarcação estava completamente funcional, rádio e GPS funcionavam perfeitamente e os coletes salva-vidas estavam intactos. A única coisa que faltava era a tripulação, não havia nenhum sinal de seus ocupantes, exceto por restos de uma refeição deixada pela metade na mesa de jantar. Em O Quarto Dia, Sarah Lotz se lança na imensidão dos oceanos para explorar seu lado sobrenatural, mergulhando fundo no pequeno universo dos cruzeiros turísticos e o apocalipse particular de uma embarcação à deriva.
O Belo Sonhador é um típico navio de cruzeiros e percorre uma famosa rota de navegação ao redor das Ilhas do Caribe, o pacote de viagens inclui apresentações musicais, comidas e bebidas exóticas, além de visitas organizadas àlgumas ilhas pelo período de cinco dias. No primeiro, segundo e terceiro dias, a viagem transcorre relativamente tranquila. No quarto dia, as portas do inferno são abertas. Tudo começou com uma simples pane no sistema elétrico, alguns anos atrás isso não seria um grande problema, mas atualmente com os navios completamente automatizados, desde fechaduras elétricas ao software de piloto automático, praticamente todos os sistemas funcionam através de energia elétrica. A equipe é especialmente treinada para agir rapidamente e evitar o pânico nessas situações. O primeiro passo é tentar conexão com a equipe em terra em busca de auxílio, porém nenhum dos dispositivos a bordo está funcionando a contento. A confusão começa quando a tripulação descobre que estão completamente entregues a própria sorte. A comida é a primeira preocupação, como maioria dos víveres é perecível, existe um estoque extremamente finito para as dezenas de pessoas que participam do cruzeiro, informação esta que não pode ser revelada, pois a simples sugestão de definhar de fome até a morte geraria um pânico fatal. Do mesmo modo que a descoberta do corpo de uma mulher em um dos quartos, com marcas de um possível assassinato, deve ser encoberta. Mas esconder segredos de um grande número de pessoas, confinadas em um ambiente pequeno, cuja única distração é fofocar sobre o que está acontecendo é praticamente impossível.
Sarah Lotz explorou o pânico advindo de desastres de grandes proporções em seu livro anterior, Os Três, através das ramificações que os acidentes de três aviões causaram na população, mesclando o realismo de uma narrativa não linear com o horror e a fantasia, porém esse fenômeno foi analisado através da perspectiva da mídia e de familiares e não propriamente na de um dos sobreviventes do acidente. É neste ponto que O Quarto Dia é essencialmente diferente, primeiro porque oferece um relato vívido e cru do desastre, narrado pelas próprias "vítimas" no momento em que está acontecendo, e segundo porque aposta acertadamente em uma narrativa linear, o que possibilita um maior desenvolvimento dos protagonistas e a criação de uma ligação entre os mesmos e o leitor, elemento este que faltou em Os Três. A ligação entre os dois livros é bastante implícita, embora ambos possuam estórias completamente diferentes, se forem analisados em seu contexto é possível notar que as tramas se complementam. Em outras palavras O Quarto Dia responde a muitas questões não resolvidas em Os Três. Mas como uma boa obra de suspense, é carrega com seus próprios mistérios e deixa um grande espaço para a imaginação do leitor tecer suas próprias teorias, não revelarei as minhas para não estragar a sua experiência com o livro, mas adianto que envolvem universos paralelos e entidades...
A própria autora revelou em uma de suas últimas entrevistas que pretende escrever mais um livro da série, que desta vez narrará a origem de todos os eventos e ações que culminaram em seus dois livros, ainda não há nenhuma data ou título definido. O final de O Quarto Dia provavelmente não agradará a todos, principalmente porque não entrega uma certeza, deixando margem para várias interpretações e dependendo do seu olhar é o momento em que dezenas de questões são respondidas e as implicações das respostas são gigantescas, numa trama tão intrincada quanto Lost. Há cenas arrepiantes de degradação física e moral, além de que nota-se nos fantasmas de Sarah Lotz uma grande influência do horror asiático. O trunfo da narrativa está na construção do suspense ao longo das páginas, o ambiente claustrofóbico de um navio à deriva aliado ao desespero apocalíptico de um caos emergente e a ação de seres sobrenaturais garante a satisfação dos leitores de horror.
O Belo Sonhador é um típico navio de cruzeiros e percorre uma famosa rota de navegação ao redor das Ilhas do Caribe, o pacote de viagens inclui apresentações musicais, comidas e bebidas exóticas, além de visitas organizadas àlgumas ilhas pelo período de cinco dias. No primeiro, segundo e terceiro dias, a viagem transcorre relativamente tranquila. No quarto dia, as portas do inferno são abertas. Tudo começou com uma simples pane no sistema elétrico, alguns anos atrás isso não seria um grande problema, mas atualmente com os navios completamente automatizados, desde fechaduras elétricas ao software de piloto automático, praticamente todos os sistemas funcionam através de energia elétrica. A equipe é especialmente treinada para agir rapidamente e evitar o pânico nessas situações. O primeiro passo é tentar conexão com a equipe em terra em busca de auxílio, porém nenhum dos dispositivos a bordo está funcionando a contento. A confusão começa quando a tripulação descobre que estão completamente entregues a própria sorte. A comida é a primeira preocupação, como maioria dos víveres é perecível, existe um estoque extremamente finito para as dezenas de pessoas que participam do cruzeiro, informação esta que não pode ser revelada, pois a simples sugestão de definhar de fome até a morte geraria um pânico fatal. Do mesmo modo que a descoberta do corpo de uma mulher em um dos quartos, com marcas de um possível assassinato, deve ser encoberta. Mas esconder segredos de um grande número de pessoas, confinadas em um ambiente pequeno, cuja única distração é fofocar sobre o que está acontecendo é praticamente impossível.
Sarah Lotz explorou o pânico advindo de desastres de grandes proporções em seu livro anterior, Os Três, através das ramificações que os acidentes de três aviões causaram na população, mesclando o realismo de uma narrativa não linear com o horror e a fantasia, porém esse fenômeno foi analisado através da perspectiva da mídia e de familiares e não propriamente na de um dos sobreviventes do acidente. É neste ponto que O Quarto Dia é essencialmente diferente, primeiro porque oferece um relato vívido e cru do desastre, narrado pelas próprias "vítimas" no momento em que está acontecendo, e segundo porque aposta acertadamente em uma narrativa linear, o que possibilita um maior desenvolvimento dos protagonistas e a criação de uma ligação entre os mesmos e o leitor, elemento este que faltou em Os Três. A ligação entre os dois livros é bastante implícita, embora ambos possuam estórias completamente diferentes, se forem analisados em seu contexto é possível notar que as tramas se complementam. Em outras palavras O Quarto Dia responde a muitas questões não resolvidas em Os Três. Mas como uma boa obra de suspense, é carrega com seus próprios mistérios e deixa um grande espaço para a imaginação do leitor tecer suas próprias teorias, não revelarei as minhas para não estragar a sua experiência com o livro, mas adianto que envolvem universos paralelos e entidades...
A própria autora revelou em uma de suas últimas entrevistas que pretende escrever mais um livro da série, que desta vez narrará a origem de todos os eventos e ações que culminaram em seus dois livros, ainda não há nenhuma data ou título definido. O final de O Quarto Dia provavelmente não agradará a todos, principalmente porque não entrega uma certeza, deixando margem para várias interpretações e dependendo do seu olhar é o momento em que dezenas de questões são respondidas e as implicações das respostas são gigantescas, numa trama tão intrincada quanto Lost. Há cenas arrepiantes de degradação física e moral, além de que nota-se nos fantasmas de Sarah Lotz uma grande influência do horror asiático. O trunfo da narrativa está na construção do suspense ao longo das páginas, o ambiente claustrofóbico de um navio à deriva aliado ao desespero apocalíptico de um caos emergente e a ação de seres sobrenaturais garante a satisfação dos leitores de horror.
Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)