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Resenha: Prince Of Fools de Mark Lawrence [A Guerra da Rainha Vermelha - Volume I]

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Sinopse:
   “Sou um mentiroso, um trapaceiro e um covarde, mas nunca, jamais, irei decepcionar um amigo. A menos que, para não decepcioná-lo, seja preciso demonstrar honestidade, jogo limpo ou bravura.” Assim se apresenta Jalan Kendeth, o neto da Rainha Vermelha e décimo na linha de sucessão ao trono. Um verdadeiro hedonista sem pretensões políticas, que se vê obrigado a abandonar sua boa vida após sofrer uma tentativa de assassinato. Para escapar, precisa se aliar a um perigoso guerreiro. Mark Lawrence novamente cria um anti-herói irresistível. Por que mesmo estamos torcendo por eles? – é uma pergunta comum entre os cada vez mais numerosos leitores de suas aventuras. A resposta, certamente, está no talento com que o autor conduz seus personagens e narrativas. E desta vez, a violência e o rancor de Jorg Ancrath, é substituída pela astúcia e charme do Príncipe dos Tolos.

Opinião:
   As lendas falam que na época dos Construtores o mundo era totalmente diferente, fantástico e amedrontador, onde as armas eram feitas de um metal mágico especial e expeliam calor e projéteis mortais, onde a noite fora domada por um fogo artificial que qualquer homem poderia controlar e carruagens voadoras se espalhavam pelos céus de grandes cidades de concreto. Os Construtores alcançaram um nível inimaginável de sabedoria sobre o funcionamento da natureza, um saber tão poderoso que causou inúmeras guerras, cadáveres se acumularam até que uma grande explosão nuclear destruiu toda a civilização. A destruição foi tão vasta a ponto de modificar a disposição das terras e continentes.  O Império Quebrado floresceu nas cinzas de um mundo morto e despedaçado, uma nova sociedade  pós-apocalíptica se reorganizou em um sistema medieval de governo, seus reis e rainhas reergueram  grandes castelos nas carcaças sombrias outrora habitadas pelos Construtores, insidiosamente através dos ecos esquecidos de uma tecnologia antiga, a magia ressurgiu outorgando novos poderes aos homens. É neste mundo sombrio que surge um garoto conhecido como princípe dos espinhos. E é também neste mundo sombrio que surge um jovem mentiroso e trapaceiro conhecido como o príncipe dos tolos.  
   Prince of Fools é o primeiro volume da trilogia A Guerra da Rainha Vermelha e sua estória ocorre simultaneamente a de Prince of Thorns da Trilogia dos Espinhos, Mark Lawrence decidiu  fazer algo curioso e corajoso, escrever uma nova saga de livros  paralela a seu maior sucesso. Confesso que esperava que Prince of Fools fosse uma continuação de Emperor Of Thorns, e mostrasse como o Império Quebrado ficou após o final arrebatador envolvendo Jorg de Ancrath e o Rei Morto das Ilhas Submersas. Em um primeiro momento fiquei decepcionado, mas depois de algumas páginas fui conquistado pelo protagonista e pelas referências e ligações com Prince Of Thorns, o livro possui um tom narrativo mais leve e ágil em comparação aos  trabalhos anteriores do autor, mas a  impressão que fica é que Prince of Fools seria uma leitura mais instigante se   tivesse sido lançado juntamente com Prince of Thorns, para um público leitor que desconhece o final de Emperor Of Thorns.  O Rei Morto é a grande ameaça das duas trilogias, mas é Jorg de Ancrath que o enfrenta, o que faz parecer que a jornada dos protagonistas de Prince of Fools é sem sentido. 
  O Príncipe Jalan Kendeth é o décimo na linha de sucessão ao trono da Marcha Vermelha, assento ocupado há mais de quarenta anos pela Rainha Vermelha. Sua criação foi condizente com seu status,  príncipe em uma corte onde a cada esquina existe um herdeiro real, sua posição improvável na sucessão da linhagem real lhe deu algumas vantagens, porém negligenciado pela maioria dos nobres importantes cresceu com uma falha de caráter, que funciona como uma espécie de escudo de proteção as intrigas e mentiras da corte. Jalan não tem sonhos em alcançar uma posição política importante, sua existência é dividida entre jogos, bebedeiras e mulheres, assuntos que sempre lhe causam grandes problemas, sua habilidade jaz em sua lábia para contornar qualquer  situação que lhe pareça perigosa e se isso não bastar é mestre em descobrir rotas de fuga e correr como ninguém. 
   Prince Of Fools começa com uma reunião entre todos os herdeiros da coroa vermelha, na qual a Rainha  revela sua preocupação acerca da expansão do pútrido exército do Rei Morto. As histórias para assustar crianças antes dormir estão se mostrando verdadeiras, inúmeros relatos de cadáveres voltando a vida e visões de infames aberrações da natureza, invocadas por necromantes, se espalham como uma doença maligna por todo o Império Quebrado. Ninguém dá ouvidos a verdadeira ameaça que o Rei Morto apresenta, a Rainha Vermelha quer estar preparada para os tempos sombrios  que surgem no horizonte.  Para provar seu ponto de vista ela convoca testemunhas oculares de um ataque de um exército de mortos, guerreiros nórdicos que conseguiram escapar com vida da guerra ao norte apenas para serem capturados como escravos ao sul. Jalan que não estava prestando atenção a uma palavra do que estava sendo dito, tem seu interesse despertado pela visão de um gigantesco nórdico cheio de cicatrizes enormes.  Snorri ver Snagason em sua opinião é um exemplar perfeito para as lutas clandestinas que frequenta. Uma pequena mentira e o destino do nórdico está em suas mãos, o que não esperava é que forças além de sua compreensão estavam orquestrando aquele encontro, os dois se unirão em uma jornada que os levará aos confins de um mundo de gelo em busca de vingança e redenção. 
    Na Trilogia dos Espinhos a estória era narrada de forma não-linear, através de uma escrita fragmentada que amarrava pedaços do presente através de flashes do passado, em Prince Of Fools a narrativa linear é mais atraente e acessível aos leitores, Mark pode trabalhar com mais liberdade e profundidade a evolução de seus personagens ao longo das páginas, a personalidade de Jalan por exemplo é dissecada aos longos das páginas  através do famoso "formato" no qual há a redenção de um protagonista antipático. Para o leitor que já conhece o final de Emperor Of Thorns, o ritmo de leitura, apesar de rápido é um pouco irregular, principalmente nas páginas que descrevem a longa jornada até o norte.  O que torna a leitura mais palatável é a dualidade dos protagonistas, a brutalidade de Snorri e o humor negro de Jalan são mistura uma explosiva e engraçada.  No geral  Prince Of Fools não inova  na apresentação de seus heróis improváveis, mas entrega com qualidade aquilo que se propõe, um bom entretenimento e novas peças que contribuem para o entendimento da cultura e ambientação do  Império Quebrado. Com uma ótima conclusão Prince of Thorns deixa um gostinho de ansiedade pelos próximos livros, principalmente pela promessa de  respostas a questões não respondidas na Trilogia dos Espinhos, além da curiosidade para saber como Mark Lawrence conduzirá A Guerra da Rainha Vermelha daqui para frente. 

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (9/10 Caveiras)

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