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Resenha: Entre Quatro Paredes de B. A. Paris

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Sinopse:
   Grace é a esposa perfeita. Ela abriu mão do emprego para se dedicar ao marido e à casa. Agora prepara jantares maravilhosos, cuida do jardim, costura e pinta quadros fantásticos. Grace mal tem tempo de sentir falta de sua antiga vida. Ela é casada com Jack, o marido perfeito.
   Ele é um advogado especializado em casos de mulheres vítimas de violência e nunca perdeu uma ação no tribunal. Rico, charmoso e bonito, todos se perguntavam por que havia demorado tanto a se casar. Os dois formam um casal perfeito. Eles estão sempre juntos. Grace não comparece a um almoço sem que Jack a acompanhe. Mas por que Grace não abre a porta quando a campainha toca e não atende o telefone de casa? E por que há grades na janela do seu quarto? Às vezes o casamento perfeito é a mentira perfeita.

Opinião:
   Entre Quatro Paredes é recheado de momentos de puro horror, um suspense psicológico com uma narrativa tão claustrofóbica quanto seu título pressupõe, B. A. Paris cria uma trama sombria que disseca detalhadamente a intimidade de uma relação psicopata. A cena inicial é uma das mais angustiantes que eu li em muito tempo, o leitor é transportado para o microuniverso de Grace, a esposa exemplar que vive o casamento perfeito, ao menos é o que Rufus e Esther, o casal de amigos que está jantando em sua casa, pensam. Mas o que eles não sabem é que cada palavra, gesto e expressão facial de Grace é controlado para não demonstrar o inferno em que vive, e Jack, seu marido, observa cada movimento. Por trás de todos os sorrisos e amabilidade jaz um monstro sádico que não mede esforços para sorver cada gota de medo de sua esposa.

   O livro obriga o leitor a fazer um tour de force pelo ambiente íntimo da vida de recém-casados de Jack e Grace. A paixão furiosa que os levou ao matrimônio em menos de seis meses foi estrangulada cruelmente na noite de núpcias, quando Grace, descobriu que o homem carinhoso e romântico com quem havia se casado jamais existiu. A pessoa que a olha através dos olhos de seu marido é um completo estranho. Um estranho que possui ideias sádicas para ela e sua irmã, portadora de necessidades especiais. Jack se mostra para a sociedade um indivíduo exemplar, um marido amoroso e um advogado de sucesso, ninguém jamais imaginaria o que ele faz entre quatro paredes. Esta é uma batalha que Grace tem de travar sozinha.

    A narrativa de B. A. Paris é construída em primeira pessoa, na voz de Grace, e dividida entre passado e presente, intercalando flashes de um modo tão hermético que a passagem do tempo nas cenas é natural e serve com perfeição para aumentar a tensão da trama. A escrita é ágil e os protagonistas são críveis, Grace, em tempos de protagonistas femininas fortes, afirma sua força vencendo seus medos em nome do amor, e Jack, em meio a tantos psicopatas na literatura, consegue convencer o leitor de sua maldade e de sua motivação. A trama é praticamente um jogo de xadrez intelectual, imerso em violência psicológica e tortura mental, no qual a ação é centrada na mente dos protagonistas e a lógica é a arma mais fatal.  B. A. Paris constrói uma história assustadora onde o vilão não é um ser sobrenatural que surge à noite para atacar, mas sim a pessoa que você ama e vive ao seu lado diariamente. 

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

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