Sinopse:
Primeiro a moça, a desconhecida. Depois veio o bebê. Depois a morte. Para Alan, Kate e seus filhos, a paz e a felicidade pareciam ter sido destruídas para sempre. Mas, no final das contas, isso talvez não fosse verdade: eles tinham ainda Bonnie. A linda Bonnie, de cabelos louros e de olhos azuis. Em sua dor e seu desespero, a pequenina Bonnie era uma dadiva de Deus. Mas era mesmo? Um acidente fatal pode ser suportado. Mas seria o único? Gradualmente, sem qualquer justificativa, Alan descobre-se perseguido por suspeitas tão fortes e tão terríveis que ele teme pela própria sanidade mental. Que poder maléfico é esse que ameaça destruir sua família?
Opinião:
Na linha temporal da evolução dos livros de terror sobre sobre crianças assassinas é possível destacar o abismo que há entre o suspense psicológico de A Menina Má de William March (1954) e o horror explícito de Melodia do Mal de John Ajvide Lindqvist (2010), ambas estórias abordam a maldade como uma herança genética, partindo do pressuposto de que todos nascemos com a semente do mal em nosso íntimo, com a diferença que algumas pessoas possuem o coração tão negro e putrefato que esta semente encontra o solo perfeito pra florescer. O diferencial entre esses dois livros está na abordagem do tema, enquanto em A Menina Má a violência é tratada com mais subjetividade e o horror é tecido através da implicação da inocência com a violência; Melodia do Mal mergulha nas vísceras sangrentas do gênero para trazer a visão mais explícita possível, mesclando gore com um denso suspense psicológico. A Dádiva de Deus de Bernard Taylor (1976) seria mais um livro entre tantos outros do tema, senão fosse por sua abordagem ousada, baseada diretamente no sobrenatural.
O segredo de A Dádiva de Deus está na narrativa de Bernard Taylor, diferentemente de outros livros dos anos setenta, ele consegue fazer com que o leitor crie uma conexão real com os personagens e seja afetado pelas mortes que acontecem. A narrativa é contada do ponto de vista dos pais e a construção da sensação de normalidade e sua consequente desconstrução ao longo das páginas geram o suspense que permeia toda a história. Em seu íntimo o leitor sabe o que lhe espera no final, mas há uma força maior que o impele a continuar lendo e se torturar com a tensão, naquele típico livro feito para ser devorado de uma vez só. Dádiva de Deus não chega a ser explícito em suas cenas de violência, mas a forma com que a trama é conduzida a partir da segunda metade, transforma o suspense em um horror psicológico tão fascinante quanto. É um livro que possui um final perturbadoramente maléfico, se você é fã do terror dos anos setenta e gosta do sabor ácido do horror nonsense da época, este livro é para você!
Primeiro a moça, a desconhecida. Depois veio o bebê. Depois a morte. Para Alan, Kate e seus filhos, a paz e a felicidade pareciam ter sido destruídas para sempre. Mas, no final das contas, isso talvez não fosse verdade: eles tinham ainda Bonnie. A linda Bonnie, de cabelos louros e de olhos azuis. Em sua dor e seu desespero, a pequenina Bonnie era uma dadiva de Deus. Mas era mesmo? Um acidente fatal pode ser suportado. Mas seria o único? Gradualmente, sem qualquer justificativa, Alan descobre-se perseguido por suspeitas tão fortes e tão terríveis que ele teme pela própria sanidade mental. Que poder maléfico é esse que ameaça destruir sua família?
Opinião:
Na linha temporal da evolução dos livros de terror sobre sobre crianças assassinas é possível destacar o abismo que há entre o suspense psicológico de A Menina Má de William March (1954) e o horror explícito de Melodia do Mal de John Ajvide Lindqvist (2010), ambas estórias abordam a maldade como uma herança genética, partindo do pressuposto de que todos nascemos com a semente do mal em nosso íntimo, com a diferença que algumas pessoas possuem o coração tão negro e putrefato que esta semente encontra o solo perfeito pra florescer. O diferencial entre esses dois livros está na abordagem do tema, enquanto em A Menina Má a violência é tratada com mais subjetividade e o horror é tecido através da implicação da inocência com a violência; Melodia do Mal mergulha nas vísceras sangrentas do gênero para trazer a visão mais explícita possível, mesclando gore com um denso suspense psicológico. A Dádiva de Deus de Bernard Taylor (1976) seria mais um livro entre tantos outros do tema, senão fosse por sua abordagem ousada, baseada diretamente no sobrenatural.
Na natureza existe uma espécie de pássaro parasita: o cuco. Diferente de outras aves, a fêmea do cuco, não faz ninho para seus ovos, na verdade quando chega a hora mágica ela procura o ninho de outro pássaro e deposita seus ovos entre os que já estiverem lá. Quando a verdadeira "mamãe" retorna a seu ninho, mal sabe que está chocando ovos que não são seus. Assim que os filhotes de cuco nascem eles começam a se livrar de seus "irmãos adotivos", para que assim possam ter mais espaço para crescer e a total atenção da "mãe" na alimentação. É a natureza em seu estado mais brutal. Esta é uma boa metáfora para a estória de A Dádiva de Deus, a família protagonista conhece uma jovem grávida e por educação acaba convidando-a para uma visita, após um estranho jantar ela entra em trabalho de parto e em meio a confusão que segue ao nascimento da criança, acabam descobrindo que a jovem simplesmente desapareceu, deixando em sua cama uma linda menininha desprotegida. O bebê de aparência angelical ganha o nome de Bonnie e é adota pela família, porém conforme os anos vão se passando, mortes bizarras começam a acontecer ao seu redor. Serão apenas coincidências?
O segredo de A Dádiva de Deus está na narrativa de Bernard Taylor, diferentemente de outros livros dos anos setenta, ele consegue fazer com que o leitor crie uma conexão real com os personagens e seja afetado pelas mortes que acontecem. A narrativa é contada do ponto de vista dos pais e a construção da sensação de normalidade e sua consequente desconstrução ao longo das páginas geram o suspense que permeia toda a história. Em seu íntimo o leitor sabe o que lhe espera no final, mas há uma força maior que o impele a continuar lendo e se torturar com a tensão, naquele típico livro feito para ser devorado de uma vez só. Dádiva de Deus não chega a ser explícito em suas cenas de violência, mas a forma com que a trama é conduzida a partir da segunda metade, transforma o suspense em um horror psicológico tão fascinante quanto. É um livro que possui um final perturbadoramente maléfico, se você é fã do terror dos anos setenta e gosta do sabor ácido do horror nonsense da época, este livro é para você!
Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)