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O Menino que Desenhava Monstros de Keith Donohue

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“A prosa de Keith é vibrante, pungente, delicada e até melódica.”
— PETER STRAUB —

“Uma história de horror clássica e hipnótica... O Menino que Desenhava Monstros, vai muito além, mistura realidade e ficção com uma narrativa própria que nos ajuda a enxergar o que está fora do nosso campo de visão.”
— TIME OUT (NEW YORK) —

“Prepare-se para dormir de olhos bem abertos.”
— WASHINGTON INDEPENDENT REVIEW OF BOOKS —

“Uma narrativa rápida e assustadora.”
— PUBLISHERS WEEKLY —

Sinopse:
   Na superfície, O Menino que Desenhava Monstros é uma história sobre pais fazendo o melhor para criar um filho com certo grau de autismo, mas é também uma história sobre fantasmas, monstros, mistérios e um passado ainda mais assustador. O romance de Keith Donohue é um thriller psicológico que mistura fantasia e realidade para surpreender o leitor do início ao fim ao evocar o clima das histórias de terror japonesas.

Opinião:
   Quem nunca acordou no meio da noite perturbado por um pesadelo, com um grito de horror entalado na garganta e a vívida impressão de não estar sozinho na escuridão do quarto? Se para um adulto essa sensação já é assustadora,  a imaginação de uma criança amplifica esse pavor a níveis claustrofóbicos...  E uma das especialidades dos autores de terror é traduzir essa emoção para as páginas. Não é a toa que alguns dos maiores clássicos modernos do gênero envolvem crianças como protagonistas, vide como exemplos O Iluminado de Stephen King, O Exorcista de William Peter Blatty e A Profecia de David Seltzer. Um bom livro de terror é aquele que consegue  arrancar seu leitor de sua zona de conforto  e transportá-lo para um estado infantil de apreensão, no qual cada som desconhecido ganha notas fantasmagóricas e cada sombra na escuridão é o contorno de um monstro.
    O Menino que Desenhava Monstros consegue atingir o cerne desses sentimentos em seus leitores, o mesmo local de onde surgem o medo de dormir com a luz apagada e aquele sentido exclusivamente infantil que detecta a existência de monstros embaixo da cama.  É uma verdadeira viagem nostálgica a fonte dos medos da nossa infância, que neste caso é mais angustiante porque as criaturas não são tão imaginárias assim. Keith Donohue é formado em Inglês, com uma pós graduação em Literatura Irlandesa, e utiliza essa experiência para dar vida a suas histórias, um exemplo é  A Criança Roubada, livro no qual se baseia na mitologia celta para tecer uma história de horror sobre o Doppelganger. Com essa obra não é diferente, como plano de fundo para o sobrenatural busca auxílio em lendas japonesas de fantasmas, que servem como um ótimo contraponto ao fantástico na trama.
   O livro conta a estória de Peter Jack Keenan, um menino de dez anos portador da síndrome de Asperger, uma espécie de autismo que dificulta a comunicação e a socialização, que tem sua condição agravada após sofrer um terrível acidente que o deixou à beira da morte. Como sequela psicológica desse evento ele desenvolveu uma grande fobia por lugares abertos, um pavor tão forte que se nega a sair de dentro de casa. Seus dias de reclusão se alteram entre as aulas com o pai e as visitas de seu único amigo, Nick, é nesses momentos que sua personalidade e imaginação desabrocham, nas diversas brincadeiras que inventam. A cada semana, Peter Jack desenvolve uma obsessão por um tipo de tarefa diferente, no passado os quadrinhos e as guerras de soldadinhos  eram legais, mas a moda agora são os desenhos de monstros. Uma arte que ele domina bem.
   Os problemas da família Keenan se intensificam após o garoto passar a agir mais estranho do que de costume, suas reclamações de monstros ao redor da casa são o centro de suas queixas, assim como  pesadelos que o fazem acordar aos gritos à noite, seu estado torna-se tão frágil que basta um simples susto para que fique extremamente agressivo. Seus pais acreditam que tudo não passa de fruto da sua imaginação, mas a semente da dúvida é plantada quando começam a vivenciar acontecimentos sem explicação, barulhos repetitivos em cômodos vazios da casa e visões de criaturas estranhas os perseguem no dia-a-dia. A maneira como esse clima sombrio se desenvolve na narrativa em  em alguns momentos lembra muito o filme O Sexto Sentido, na questão da criança atormentada por suas visões em confronto com a descrença de seus pais. 
   O Menino que Desenhava Monstros é uma narrativa singela sobre os medos da infância.  Keith Donohue vai em contramão  à moda atual dos livros comerciais, cuja trama é feita para ser devorada em uma só noite, e conta uma história assustadora em seu próprio ritmo, utilizando cada segundo necessário para moldá-la em seus pequenos detalhes. O grande trunfo do livro está no seu final brutalmente esmagador, que só é tão surpreendente assim graças ao desenvolvimento de pequenas cenas dentro da trama, que à primeira vista parecem desconexas, mas são um soco no estômago no fim. A sensação é: como eu não consegui ver isso antes! Sem sombra de dúvidas O Menino que Desenhava Monstros tem um dos finais mais surpreendentes que já li e isso o coloca como o melhor lançamento do gênero neste primeiro semestre! 

Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)


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